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02T00003
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198
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2021
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São Paulo
A mineração causa impactos cumulativos nas florestas não apenas pelo desmatamento direto da construção de suas instalações, mas também por meio da construção de infraestrutura associada, como linhas de transmissão, estradas de acesso, estradas de ferro, atraindo mão de obra e expandindo núcleos urbanos. Esses impactos se estendem para além das concessões de lavra, causando consequências em toda paisagem. Propostas para expansão da mineração na Amazonia brasileira, que incluem iniciativas de redução, recategorização e extinção de unidades de conservação (PADDD em inglês), têm sido discutidas dada a importância dos ecossistemas a serem afetadas e sua relevância para conservação da biodiversidade. Esta tese tem como objetivo investigar os impactos cumulativos da mineração e infraestrutura associada nas florestas e testar a influência das áreas protegidas nesses impactos na Amazônia brasileira. Impactos cumulativos da mineração nas florestas foram investigados por meio da análise histórica de mudanças de uso e cobertura da terra e calibração de modelo de autômatos celulares para simular diferentes cenários de PADDD em áreas sob pressão para desenvolvimento de projetos de mineração. Como resultados, evidenciou-se que as mudanças de uso e cobertura da terra que desencadeiam impactos cumulativos podem variar de acordo com a indústria relacionada e infraestrutura necessária para implantação e operação do projeto, causando alterações na paisagem como a fragmentação de habitats. As florestas a serem afetadas protegem ecossistemas únicos que provêm diversos benefícios para as comunidades em escala local, regional e global, evidenciando a necessidade de se avaliar de forma abrangente os impactos resultantes do desenvolvimento mineral em regiões com alta biodiversidade. Essa pesquisa propõe cinco principais recomendações para avaliação dos impactos cumulativos nas florestas em áreas de mineração: (i) a determinação dos limites espaciais deve considerar a dinâmica do uso da terra em toda a paisagem; (ii) os limites temporais devem contabilizar taxas de mudanças que influenciam na interação e nos processos de cumulatividade dos impactos; (iii) a relação causal dos impactos deve considerar a importância das estradas como fonte de impactos bem como demais efeitos da perda de floresta sobre a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos; (iv) a avaliação da importância dos impactos deve considerar adequadamente a relevância dos impactos diretos e indiretos; (v) impactos cumulativos nas florestas podem ser mitigados por meio da proteção da paisagem e otimização do desenho de estradas. Negligenciar impactos cumulativos sobre as florestas em regiões de mineração afetaria permanentemente os ecossistemas e os serviços que eles provêm.