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Representantes indígenas no X Congresso Bienal IASCP apoiados pelo PDPI

PDPI-Manaus-AM
01 de Set de 2004

A IASCP é uma associação internacional de pesquisadores e outros interessados na temática dos "recursos de propriedade comum" (ou seja recursos nem de propriedade privada nem estatal), tais como as terras indígenas do Brasil (www.iascp.org). O tema do X Congresso da IASCP foi "Recursos comuns numa época de transição global: desafios, riscos e oportunidades". Foi a primeira vez que o congresso aconteceu na América Latina e que a IASCP incluiu "Povos indígenas e recursos comuns" como um dos sub-temas.

Por isso, o PDPI, junto com o INPA-RR, e com apoio da GTZ, da IASCP e da Fundação Ford, tomou a iniciativa de circular uma chamada entre as organizações indígenas da Amazônia brasileira. Depois de um processo de seleção e preparação, organizamos dois painéis com apresentações de dez representantes indígenas sobre seus sistemas tradicionais de manejo dos recursos naturais e sobre novas experiências que contribuam para uma crescente auto-gestão das TI (processos de mapeamento, diagnóstico e planejamento participativo, de manejo ambiental e de comercialização de alguns recursos naturais).

Os participantes indígenas foram: Almir Narayamoga (Suruí, RO), Alvino da Silva (Macuxi, RR), Carlos Francisco Brandão Tekahene (Shanenawa, AC), Crisanto Rudzö Tzemerey´wá (Xavante, MT), Genival dos Santos de Oliveira (Mayoruna, AM), Henrique Aleuta Gimenes (Ye´kuana, RR), Lorena Araújo (Tariana, AM), Nino Fernandes (Ticuna, AM), Srêwê (Gilberto) da Mata de Brito (Xerente, TO), e Zenilda Silva Vialcio (Sateré-Mawé, AM).

Os dois painéis com o título "A voz dos indígenas da Amazônia Brasileira" foram bem recebidos tanto pelos outros participantes brasileiros quanto pelos mexicanos e o público internacional, apesar da grande concorrência entre temas e sessões durante todo o congresso. Em outros painéis, o ex-gerente técnico do PDPI, Gersem dos Santos Luciano (Baniwa, AM), ainda falou sobre "O desafio da auto-gestão das terras indígenas da Amazônia brasileira como recursos de propriedade comum", e teve duas apresentações dos assessores Enzo Lauriola e Elaine Moreira.

Fomos os únicos - entre cerca de 700 participantes de mais de 80 paises - que levamos um grupo de representantes indígenas. Também ficamos surpresos que não teve uma participação visível do movimento indígena organizado mexicano no congresso. A participação indígena brasileira foi ressaltada na "palestra magistral" de David Kaimowitz (CIFOR, Centro Internacional de Pesquisas Florestais, Indonésia) que - no contexto de sua chamada para uma pesquisa que seja comprometida com os pobres e marginalizados - mencionou a importância das terras indígenas do Brasil como recursos comuns cujo tamanho é maior do país Bolívia. Ele também falou da importância de apoiar sistemas de manejo e instituições tradicionais porque é muito mais difícil e demorado criar novo "capital social".

No resumo dos resultados do sub-tema "indígenas" no final do congresso foi enfatizada a necessidade de pesquisas participativas e de apoio para a participação indígena neste tipo de eventos. O próximo congresso bienal da IASCP provavelmente será organizado pelo CIFOR na Indonésia, e já nos indicaram que têm interesse numa participação indígena brasileira. Outra oportunidade para continuar as discussões entre indígenas e pesquisadores dentro do Brasil será o próximo encontro da ABANNE (regional norte e nordeste da Associação Brasileira de Antropologia) a ser realizado em Manaus e Boa Vista em Junho de 2005

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