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Ambientalistas pedem veto ao projeto que desobriga silvicultura de licenciamento ambiental

Correio do Estado
27 de Mai de 2024

Ambientalistas pedem veto ao projeto que desobriga silvicultura de licenciamento ambiental
Organizações destacam riscos ambientais e a necessidade de manter a regulamentação para atividades potencialmente poluidoras

Da Redação
27/05/2024 - 13h30

Organizações ambientais enviaram um ofício ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva solicitando o veto ao projeto de lei que retira a silvicultura, incluindo o cultivo em larga escala de eucaliptos, pinus e mogno, da lista de atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos ambientais, modificando a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/1981).

Assinaram o ofício a Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente (Abrampa), o Instituto Socioambiental (ISA), o Observatório do Clima e a WWF Brasil, conforme informaram as organizações nesta segunda-feira (27).

"A silvicultura em larga escala tem um potencial poluidor significativo que não pode ser desconsiderado. Permitir essa atividade sem o devido licenciamento ambiental é um convite à degradação ambiental e à extinção de espécies," alertou Alexandre Gaio, presidente da Abrampa.

As organizações criticam o projeto por dispensar o licenciamento ambiental prévio para a silvicultura. Aprovado em regime de urgência na Câmara dos Deputados em 8 de maio, o projeto agora aguarda a sanção presidencial.

Em um dos documentos enviados ao presidente, as organizações citam decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que ressaltam a necessidade do licenciamento prévio para atividades que possam causar degradação ambiental.

"O STF tem múltiplas decisões afirmando a inconstitucionalidade de se dispensar a silvicultura do licenciamento ambiental, por ser uma atividade potencialmente causadora de degradação ambiental," disse Mauricio Guetta, consultor jurídico do ISA.

De acordo com as entidades ambientalistas, o projeto aumenta a vulnerabilidade das espécies nativas, facilita a propagação de espécies exóticas invasoras, contamina corpos d'água com o uso intensivo de agrotóxicos e fertilizantes, reduz a biodiversidade pela conversão de áreas naturais em monoculturas florestais e promove conflitos pelo uso da terra e recursos hídricos.

"As organizações concluem que o PL deve ser vetado por inconstitucionalidade e contrariedade ao interesse público, reforçando a importância do licenciamento ambiental como uma medida preventiva essencial para o desenvolvimento sustentável do país," defendeu Daniela Malheiros Jerez, analista de políticas públicas do WWF-Brasil.

Defensores do projeto de lei, como a bancada ruralista e a Indústria Brasileira de Árvores (IBA), argumentam que a silvicultura é benéfica ao meio ambiente por permitir o reflorestamento de áreas degradadas.

A IBA afirma que "o setor brasileiro de árvores cultivadas soma esforços para construir um país pautado por valores de uma economia de baixo carbono e cada vez mais sustentável."

O autor do projeto, o ex-senador Álvaro Dias (Podemos-PR), argumentou que a silvicultura não deveria ser considerada uma atividade potencialmente poluidora, o que significaria submetê-la a um processo de licenciamento ambiental burocrático e dispendioso, prejudicando o desenvolvimento da atividade.

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