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“Não sou homem para estar aqui”: as menire [mulheres] Mẽbengôkre-Xikrin da Terra Indígena Trincheira-Bacajá e a política dos brancos de Belo Monte.

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O artigo descreve o engajamento das menire, mulheres Mẽbengôkre-Xikrin da Terra Indígena Trincheira-Bacajá em um ciclo de reuniões com representantes técnicos da empresa Norte Energia, maior concessionária da usina hidrelétrica de Belo Monte, instalada na Volta Grande do Xingu, Amazônia paraense. Interessadas na continuidade de seu projeto de extração de óleo de coco babaçu, as menire posicionaram-se frente ao corpo técnico empresarial para reivindicar suas demandas, evidenciando importantes críticas ao funcionamento burocrático das medidas de compensação do Plano Básico Ambiental Componente Indígena (PBA-CI), uma exigência dos órgãos de licenciamento ambiental para a construção e operação da hidrelétrica. A forma de engajamento das menire no ciclo de reuniões é tomada como inspiração analítica sobre a questão do par homem-mulher e sua associação com os gêneros feminino e masculino que anima a literatura etnológica sobre povos do Brasil Central. Para cumprir seu objetivo, o artigo dedica especial atenção aos esforços etnográficos e teóricos de Maybury-Lewis na coletânea por ele organizada em 1979, obra clássica aos estudos em etnologia indígena.