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Anthropogenic landscape in southeastern Amazonia: contemporary impacts of low-intensity harvesting and dispersal of Brazil nuts by the Kayapó indigenous people.

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A castanha-do-pará, a semente de Bertholletia excelsa, é um dos mais importantes produtos florestais não madeireiros da floresta amazônica e a subsistência de milhares de famílias tradicionais da Amazônia depende de sua comercialização. B. excelsa tem sido frequentemente citada como uma espécie indicadora de florestas antropogênicas e há fortes evidências de que o manejo humano no passado contribuiu significativamente para a sua distribuição atual em toda a Amazônia, sugerindo que baixos níveis de coleta podem desempenhar um papel positivo no recrutamento de B. excelsa. O trabalho avalia os impactos da coleta da castanha-do-pará pelos índios Kayapó, que habitam o sudeste da Amazônia, no recrutamento de plântulas em 20 castanhais submetidos a diferentes intensidades de coleta e investiga se o manejo praticado pelos coletores influencia os padrões de distribuição de B. excelsa. O número de anos de coleta de baixa intensidade pelos Kayapó nas últimas duas décadas foi positivamente relacionado à densidade de plântulas de B. excelsa nos castanhais. Um dos mecanismos por trás da alta densidade de plântulas nos locais de coleta parece ser a dispersão de sementes pelos coletores ao longo das trilhas. Os Kayapó também plantam intencionalmente sementes e mudas de B. excelsa em seus territórios. Oa resultados mostram não apenas que a coleta de castanha-do-pará de baixa intensidade realizada pelo povo Kayapó não reduz o recrutamento de indivíduos de B. excelsa, mas também que a coleta e / ou atividades associadas conduzidas pelos coletores podem beneficiar B. excelsa além dos limites dos castanhais. O estudo corrobora a hipótese de que a dispersão de B. excelsa em toda a Amazônia foi, pelo menos em parte, influenciada por grupos indígenas ancestrais, e sugere fortemente que o manejo humano atual contribui para a manutenção e formação de castanhais. Sugerimos que mudanças nas práticas de manejo da castanha-do-pará por povos tradicionais para evitar impactos na coleta provavelmente são desnecessários e até contraproducentes em muitas áreas, e devem ser cuidadosamente avaliados antes da implementação.