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Construção da Usina de Belo Monte é defendida com desenhos animados

O Globo, Economia, p. 24
26 de Abr de 2011

Construção da Usina de Belo Monte é defendida com desenhos animados
Aeroportos exibem vídeos que mostram supostos benefícios aos índios

Mônica Tavares

BRASÍLIA. Vídeos de animação que estão sendo exibidos em salas de 13 aeroportos do país mostram supostos benefícios que os índios das margens do Rio Xingu, no Pará, terão com a construção da Usina de Belo Monte. Essa foi a forma encontrada para quebrar o silêncio de empreendedores do megaprojeto, alvo de muitas críticas nos últimos meses. A ideia teria partido do Palácio do Planalto, que vê a obra como um passo muito importante para garantir, nos próximos anos, o atendimento à crescente demanda de energia.

O próprio Planalto fez um mea-culpa e decidiu que também precisava se expor mais para explicar a obra, um dos principais empreendimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e sob bombardeio até mesmo da Organização dos Estados Americanos (OEA), que questiona as providências tomadas para preservar as comunidades indígenas. A ordem, agora, é não deixar perguntas sem respostas.

Uma outra novidade é um blog, criado pelo consórcio Norte Energia, abastecido quase que diariamente com textos e fotos de obras já em andamento na região. Esses trabalhos têm como objetivo melhorar a qualidade de vida da população e cumprir condicionantes do Ibama. A ideia é despertar o interesse de formadores de opinião e fazer o público em geral simpatizar com o projeto.

As linhas de defesa de Belo Monte levantam uma questão: qual tipo de usina poderia substituir o empreendimento e gerar a mesma quantidade de eletricidade sem poluir tanto o meio ambiente? A meta da discussão é mostrar os benefícios de hidrelétricas em um momento no qual a produção de energia nuclear, por exemplo, vem sendo questionada em todo o mundo após o terremoto que atingiu o Japão.

A estratégia vinha sendo traçada há algum tempo, mas sua implementação foi antecipada por causa da posição da OEA, que desagradou o governo.

Dificuldade para encontrar um novo sócio

A questão indígena é uma das razões para o atraso na concessão do licenciamento ambiental de Belo Monte, o que estaria atrapalhando a entrada de um novo sócio no consórcio responsável pela obra. Essa é, hoje, a principal barreira ao negócio, afirmou o diretor de Relações Institucionais do Norte Energia, João Pimentel. Segundo ele, a Funai passou a fazer mais exigências após o posicionamento da OEA.

Pimentel disse que, se o licenciamento ambiental não for concedido até o fim de maio, o projeto perderá a chance de utilizar a "janela hidrológica", como é chamado o período seco da região, o que provocaria atrasos significativos na construção. O Norte Energia contratou antropólogos e está refazendo alguns pontos do projeto sob a orientação da Funai.

- A questão indígena, na opinião pública mundial, é o que pega mais. Até por causa do pedido da OEA. Estes temas acabam, de uma certa maneira, modificando o pensamento das pessoas que estão na Funai, que se cercam de mais cuidados na hora de aprovar aquilo que está sendo executado pelo Norte Energia - afirmou Pimentel.

O Globo, 26/04/2011, Economia, p. 24

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