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Um estado em calamidade publica

CB, Brasil, p.12
15 de Out de 2005

Falta de água potável e de alimentos devido à estiagem obriga governador do Amazonas a estender decreto de situação de emergência a todos os 61 municípios. Ajuda começa a chegar
Um estado em calamidade pública
A maior seca no Amazonas desde 1963 obrigou o governador Eduardo Braga (PMDB) a decretar estado de calamidade pública em todos os 61 municípios do estado. Até ontem, informações da Defesa Civil Estadual apontavam apenas seis municípios em estado de calamidade pública e outros 15 em estado de alerta-por causa da seca forte e prolongada que atinge o estado.
"0 governador fez isso porque nossos rios começam a secar nas cabeceiras, nos altos rios, depois vão secando nos médio, até chegar ao baixo. Então, o que é problema sério hoje nos altos rios vai ser problema sério daqui a dois ou três dias nos médios rios e será problema muito sério daqui a uma semana no baixo rio", disse o coordenador do Plano Emergencial SOS Interior, José Melo, secretário de governo do Amazonas.
Segundo Melo, mais de 1.200 comunidades estão sofrendo com a falta de água potável e alimentos. "Na verdade todos os municípios do Amazonas têm algum tipo de problema. Mas nas comunidades que ficam na beira dos lagos e dos pequenos afluentes, que estão secos, a situação é mais grave", afirmou.
A seca no estado afeta diretamente 32 mil famílias, moradoras de 914 comunidades, espalhadas por 28 municípios. 0 Comando Militar da Amazônia coordena a assistência aos moradores das áreas atingidas. Mas, segundo o governo do Amazonas, este número é "dinâmico" e que até ontem pelos menos o dobro de pessoas já necessitava de assistência
Ajuda
0 Plano SOS Interior, coordenado pelo governo do Amazonas, começou ontem a distribuir comida e remédios a quatro municípios atingidos pela seca: Anamá, Anori, Caapiranga e Manaquiri, no Rio Solimões. Hoje, a ajuda deve chegar a outras quatro cidades mais próximas a Manaus: Iranduba, Manacapuru, Careiro Castanho e Careiro da Várzea
"Na terça-feira, os grandes aviões da FAB (Força Aérea Brasileira) já estarão aqui e vamos iniciar a distribuição no Alto Solimões. 0 material seguirá para Tabatinga, Benjamin Constant, Atalaia do Norte e São Paulo de Olivença'. A partir daí, todos os dias, os aviões sairão em direção aos altos rios. "Em 10 dias devemos ter os mantimentos nas sedes dos principais municípios% afirmou José Melo.
Ontem, o Ministério da Integração Nacional informou que já estão disponíveis na capital do Amazonas 10 mil cestas com gêneros alimentícios, de 22 quilos cada, para distribuição pelo Comando Militar da Amazônia (CMA) à população afetada pela seca. Segundo o Ministério, um vôo da Força Aérea Brasileira (FAB) levará a Manaus 15 mil cestas básicas que ontem estavam em depósito em Brasília e outras 25 mil, que estavam armazenadas em Recife.
0 Ministério da Defesa recebeu R$ l milhão para financiar ações do CMA para transporte de comida, remédio e bens de primeira necessidade para as famílias atingidas pela seca. 0 ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, general Jorge Armando Félix, viajou ontem para Manaus para inspecionar as áreas atingidas.
Na segunda-feira, um avião Hércules da FAB levará para Manaus carga de 9 toneladas de hipoclorito de sódio, com 135 mil frascos de 50 mililitros para purificação de água. Outro carregamento da substância seguirá de balsa, de Belém (PA) para a capital do Amazonas, e deve chegar até a próxima quarta-feira. Com 50 ml de hipoclorito de sódio, é possível purificar 500 litros de água, o suficiente para abastecer uma família de quatro pessoas durante duas semanas, segundo a nota.
Oito municípios, nos quais há pistas de pouso maiores, servirão de bases de apoio da operação: Eirunepé, na calha do rio Juruá; Boca do Acre, calha do rio Purus; Humaitá e Borba, na calha do rio Madeira; Tabatinga, Tefé e Coari, na região do Alto e Médio Solimões; e Parintins, baixo Amazonas /Solimões. Desses locais, os alimentos e os medicamentos serão transportados da maneira que for possível até as comunidades isoladas. Entre os meios de transporte, estão canoas, caminhões, motocicletas e helicópteros.

Sem saneamento
1.200 comunidades estão sem água potável e alimentos
10 Mil cestas básicas, com 22 quilos de alimento cada, foram enviadas pelo Ministério da Integração Nacional

CB, 15/10/2005, p. 12

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