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Somos vistos como "bandidos" na Amazônia, diz madeireiro

FSP, Brasil, p. A7
18 de Out de 2009

Somos vistos como "bandidos" na Amazônia, diz madeireiro
Às margens de obra do PAC, reportagem vê transporte de toras sem identificação

Da enviada ao Amazonas

Uma madeireira chamada Realidade recepciona a entrada do vilarejo de nome idêntico, instalado no início do trecho de pouco mais de 400 quilômetros da BR-319, cujo asfaltamento aguarda a liberação de licença ambiental. A rodovia, obra do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), liga Porto Velho (RO) a Manaus (AM) e divide o governo.
Na semana passada, a Folha flagrou o embarque de pranchas de angelim e cedro, madeiras nobres, em um caminhão que seguiria para Minas Gerais. As toras de madeira não continham a identificação típica dos planos de manejo. "Faz parte do contexto", disse o responsável local pela serraria, que preferiu não se identificar. "Pode me chamar de alguém."
Por telefone, o dono da serraria, Erli Rufato Moreira, reclamou da suposta perseguição aos madeireiros da Amazônia: "Somos tratados como bandidos". Ele insistiu em que explora madeira de planos de manejo. Calcula que tem capacidade para produzir entre 20 e 30 metros cúbicos por ano. Tem ainda um palpite: "É impossível essa estrada não sair".
A aposta é compartilhada pela população do vilarejo, que conta sobretudo com o fato de Manaus sediar jogos da Copa de 2014 para levar adiante a obra, que dá acesso por terra à capital do Amazonas.
Assim como o município de Lábrea, toda a área de influência da BR-319 deverá passar por operação especial de regularização fundiária, afirmou o coordenador do Terra Legal, Carlos Guedes.
Em julho, relatório do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) negou temporariamente a licença ambiental aguardada para o mês anterior por conta do risco de abertura de novas frentes de desmatamento irregular, grilagem de terras públicas e ocupação desordenada da região.
O Ministério dos Transportes, empreendedor da obra, informou que "prosseguem as tratativas" com o Ibama para liberar o asfaltamento da rodovia. (Marta Salomon)

Primeiros beneficiados optam por criação de gado

Segundo balanço parcial do programa, 77% da área já regularizada nos municípios paraenses de Novo Progresso e Altamira é composta por imóveis médios, de 4 a 15 módulos fiscais, até o limite de 15 km2.

FSP, 18/10/2009, Brasil, p. A7

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