Produção de gado no Pará precisa melhorar

Impunidade, trabalho escravo e desmatamento ilegal ainda são palavras que fazem parte da produção de gado no Pará. Com o objetivo de apresentar soluções para a questão, o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) acaba de publicar o relatório A viabilidade da regularização socioambiental da pecuária no Pará, com foco na cidade de Paragominas. A escolha da cidade, segundo Daniel Silva, autor do estudo ao lado de Paulo Barreto, deve-se ao fato de a região abrigar um "movimento de vários produtores interessados no ajuste socioambiental".

Conforme afirmam os especialistas, uma fazenda irregular de mil hectares com alta produtividade gera um retorno financeiro duas vezes maior que uma regularizada. Devido à falta de fiscalização pelo governo federal, fazendas irregulares não apenas deixam de arcar com as despesas para licenciamento como não precisam se preocupar com multas ou embargos por serem ilegais. Pequenos produtores não conseguem gerar renda suficiente para regularizar suas terras. Em outro cenário, a compra de terras para pecuária ainda é vantajosa já que a taxa de juros é subsidiada. Se o lucro não vier da produção pecuária, elas podem ser usadas como bem especulativo, sonegação de impostos e lavagem de dinheiro.

Crime deve ser barrado

O setor privado deve adotar medidas para boicotar infratores, diz relatório. Frigoríficos e revendedores de carne deveriam opor-se à comercialização de carne vinda de produtores irregulares. "O consumidor moderno tem cada vez mais se conscientizado, buscado qualidade de vida e aumentado suas exigências quanto a bens produzidos de forma socialmente justa e ambientalmente correta", diz Silva.

Além disso, sugere o estudo, um preço maior poderia ser pago por gado vindo de terras certificadas. Segundo estimativa do relatório, um aumento de 12% a 16% sobre o preço médio verificado em 2009 seria suficiente para viabilizar a competitividade das fazendas regulares sem que elas percam vantagem no mercado internacional.

Através do investimento em produtividade, fazendas regularizadas de 1.000 e 5.000 hectares poderiam reduzir pela metade o custo e triplicar o ganho por quilo comercializado. O poder público deve investir em aumentar a produtividade das fazendas e fomentar a melhoria de serviços e infraestrutura.

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