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Presidente deve vetar artigo da MP que favorece empresas

OESP, Nacional, p. A10
20 de Jun de 2009

Presidente deve vetar artigo da MP que favorece empresas
Venda de áreas na Amazônia três anos após titulação também deve cair

Leonencio Nossa

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu vetar dois artigos da Medida Provisória 458, que regulariza a posse das áreas de até 1,5 mil hectares na Amazônia. Para evitar qualquer aumento do poder dos grileiros, Lula vai retirar do texto os artigos que permitem a compra de terras por empresas privadas e autorizam a venda das propriedades três anos depois da titulação pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário.

De acordo com um auxiliar do presidente, após uma série de encontros com técnicos e ministros, Lula avaliou que as alterações no texto original feitas pelos parlamentares poderiam motivar a ação de grileiros, além de uma grande especulação, visto que o prazo original para a venda, de dez anos após a titulação, caiu para três anos. Lula tem até o dia 25 para sancionar a MP, com ou sem vetos.

Depois da aprovação da medida, ambientalistas e representantes do agronegócio iniciaram uma forte pressão sobre o Planalto. De um lado, a senadora e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (PT-AC), o PT do Senado, 23 procuradores da República da Amazônia e a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) passaram a exigir o veto a artigos que consideram nocivos. Entre eles, os dois que o presidente tende a vetar e um outro, que permite a compra das áreas por pessoas que não habitam nesses locais.

Pelo lado do agronegócio, a Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) deu início a uma campanha para que cerca de 1 milhão de pessoas enviassem a Lula pedidos para que nada fosse vetado. A campanha foi encabeçada pela senadora Kátia Abreu (DEM-TO), presidente da entidade. Para ela, permitir que as empresas comprem as terras ajudará o governo na arrecadação de impostos.

NEGOCIAÇÃO

O texto da MP foi muito negociado pelo relator da medida, deputado Asdrúbal Bentes (PMDB-PA). Ele acabou por encontrar um meio-termo que agradou aos ambientalistas e aos ruralistas. Tanto que a relatora no Senado, justamente Kátia Abreu, optou por não fazer mudança.

Quem mais lutou para assegurar direitos aos ocupantes das glebas foi o PPS. O partido assumiu a defesa dos grileiros e apresentou seis emendas, incluindo uma que dava ao comprador o direito de pagar por apenas 20% das terras, sob o argumento de que os outros 80% têm se ser conservados na reserva legal. As emendas do partido foram amplamente rejeitadas.

Assim que o texto foi enviado a Lula para sanção, iniciou-se a pressão de ONGs ligadas aos ambientalistas em favor dos vetos. As entidades chegaram a chamar a medida de "MP da grilagem". Já os ruralistas passaram a lutar para manter o texto do jeito como foi aprovado.

OESP, 20/06/2009, Nacional, p. A10

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