O Globo, Economia, p.27
01 de Jul de 2004
Petrobras investirá US$ 1 bilhão na Amazônia
Ramona Ordoñez
URUCU (AM) A Petrobras vai investir na Região Amazônica cerca de US$ 1 bilhão grande parte até 2006 para levar gás natural da selva até Manaus e gerar energia elétrica na capital. O principal empreendimento do projeto exigirá US$ 525 milhões para a construção do gasoduto Coari-Manaus, que atravessará a selva por 400 quilômetros ao longo do Rio Solimões.
O gasoduto vai transportar o produto da região de Urucu, a 650 quilômetros de Manaus, que hoje é reinjetado nos poços. O fornecimento de gás natural a Manaus beneficiará também os consumidores de energia elétrica do país. Isso porque cairá de 6,5% para 2,5% o impacto nas contas de luz da parcela relativa ao subsídio para comprar o óleo diesel consumido pelas termelétricas da capital amazonense. Manaus gasta US$ 1,5 milhão por dia com diesel.
O gasoduto que no governo anterior do estado do Amazonas teve forte oposição ganhou em maio a Licença de Instalação (LI) do órgão ambiental do estado. O Coordenador de Gás Natural da Amazônia da Petrobras, Ronaldo Pimentel Mannarino, disse que a expectativa é de a obra ser iniciada em agosto e acabar em 2006.
Obras vão gerar 3.800 empregos na região
O executivo explicou que o projeto terá todo o cuidado para reduzir ao máximo o impacto ao meio ambiente. O gasoduto ficará submerso a 2,5 metros de profundidade nos rios que atravessará, entre eles o Solimões. O gasoduto será monitorado permanentemente, incluindo o chamado pig instrumental (cabo que circula dentro da tubulação).
O gasoduto Coari-Manaus terá capacidade de transportar 10,5 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural produzido em Urucu. Na primeira etapa, que ficará pronta em 2006, vai transportar 5,5 milhões de metros cúbicos por dia.
Um dos principais benefícios da chegada do gás natural a Manaus é permitir a substituição do diesel usado na geração de energia. De imediato, Manaus consumirá 4 milhões de metros cúbicos de gás natural para geração de energia. O executivo da Petrobras explicou que, ao substituir o diesel pelo gás, Manaus vai economizar US$ 1,5 milhão que gasta por dia com o óleo.
As obras do gasoduto vão mobilizar 3.800 trabalhadores em seu pico. Mannarino explicou que a Petrobras, em conjunto com órgãos locais, está capacitando pessoas da região para a contratação. Para evitar que após as obras os municípios por onde o gasoduto passará enfrentem problemas sociais maiores, a estatal desenvolve projetos locais para estimular outras atividades econômicas em setores como pesca, agricultura e artesanato.
É uma obra pioneira. Vai ser a primeira vez que se construirá um gasoduto para transportar gás na floresta.
Petrobras pode construir termelétrica com Eletrobrás
Além do gasoduto, a Petrobras avalia a construção de termelétrica a gás em Manaus em conjunto com a Eletrobrás. A usina terá 700 megawatts (MW) de capacidade e custará cerca de US$ 500 milhões.
A região de Urucu está em operação desde 1986. Hoje, produz cerca de 60 mil barris diários de petróleo, em 60 poços espalhados pela selva amazônica, e 10 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural. Na base industrial, parte do gás é usado na operação da unidade e na produção de 1.500 toneladas de GLP. O petróleo e o GLP seguem por dutos por 285 quilômetros até Coari, de onde vão para Manaus por balsas. Cerca de 9 milhões de metros cúbicos de gás natural são reinjetados nos poços, por falta do gasoduto para seu transporte.
(*) A repórter Ramona Ordoñez viajou a convite da Petrobras
O Globo, 01/07/2004, p. 27
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