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Organização indígena condena construção de gasoduto

Midianews-Cuiabá-MT
08 de Mar de 2002

A Coordenação da União das Nações e Povos Indígenas de Rondônia, Noroeste do Mato Grosso e Sul do Amazonas (Cunpir), entidade indígena que representa mais de 50 povos dessa vasta região, por intermédio do seu coordenador geral, Antenor de Assis Karitiana, também condenou o projeto de construção do Gasoduto Urucú/Porto Velho. À exemplo da Organização dos Povos Indígenas do Alto Madeira-OPIAM, a CUNPIR enviou uma carta ao IBAMA contestando os resultados do Estudo e do Relatório de Impacto Ambiental-EIA/RIMA realizados.

"Pela nossa experiência de sofrimento, construir o gasoduto trará consigo a expansão de doenças, alcoolismo, violências sexuais (admitidas no EIA) e morte de nossos povos ao longo do trajeto... Não olhar para nossa história é relegar ao esquecimento os danos ocorridos, protelando-os para os novos dias, novos empreendimentos e principalmente para as futuras gerações" - denuncia Karitiana. A preocupação encontra eco no próprio EIA, pois o possível aumento da oferta de energia para Lábrea e Humaitá, significa atrair mais empresas madeireiras para a região. Com elas, mais pressão para as terras indígenas, unidades de conservação, reservas extrativistas entre outros, à exemplo de RO e AC. O coordenador afirma que essa movimentação de máquinas e homens provocará alteração no cotidiano, pois os índios serão impedidos de cruzar canteiros de obra e, ao mesmo tempo, terão contato com trabalhadores e, conseqüentemente, o contágio de doenças (DST), abuso sexual e trocas desiguais de produtos... Nessas viagens correm ainda riscos de acidentes com embarcações de grande porte e máquinas.

"Queremos destacar ainda, que a proposição como medida compensatória para beneficiar a qualidade de vida das populações indígenas, depende primeiramente da segurança à integridade física de sua Terra - sem invasão. Culturalmente nossos povos têm sua subsistência garantida, usufruindo dos recursos da Mãe Terra " a ameaça à qualidade de vida ocorre com a interferência externa. Qual qualidade de vida se quer levar para as comunidades indígenas, baseada nos recursos naturais existentes em suas terras, que secularmente vivem dela, ou em produtos externos? Como fica a situação dos indígenas sem contato diante desse programa? Já contam com seu contato e impacto, por isso propõem medidas mitigadoras e compensatórias? O pior é que não definem no EIA, ações de fato para desencadear um processo de fiscalização preventiva diante das ameaças à essas terras indígenas, destacadas no próprio EIA..." - desabafa Karitiana.

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