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O céu dos índios

JB, Cidade, p. 21
17 de Set de 2004

O céu dos índios

MARIA GANEM

Há cerca de quatro mil anos e sem tecnologias complexas, os primeiros habitantes do solo brasileiro já identificavam no céu as estações do ano. Dependendo da posição das estrelas e da fase da lua, nossos ancestrais também pescavam, plantavam, colhiam e orientavam seus ritos religiosos. Para desvendar os segredos da astronomia indígena, o Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) convidou dois descendentes de tribos brasileiras e um lingüista para compor o ciclo de palestras A Astronomia dos Índios do Brasil, que acontece entre os próximos dias 24 e 26. O evento é gratuito e aberto ao público.
A astrônoma do MAST, Flávia Pedroza Lima, uma das organizadoras, acredita que iniciativas do tipo são fundamentais para divulgar a cultura indígena.
-Pretendemos resgatar e valorizar os conhecimentos indígenas, pouco reconhecidos historicamente na nossa sociedade - diz.
Na primeira palestra, às 16h do dia 24, o professor da Universidade Federal do Parana, Germano Bruno Afonso, descendente da tribo Guarani e especialista em astronomia indígena, vai falar sobre a história dos eclipses, lendas e mitos que envolvem o fenômeno, e sobre como prever eclipses solares e lunares, apenas observando as sombras do sol e da lua. No dia seguinte, Germano vai construir, com a ajuda de alunos, um relógio solar indígena, instrumento utilizado para determinar o meio-dia solar, as estações do ano e os pontos cardeais.
Também no dia 25, o pesquisador do MAST, Luiz Carlos Borges, vai discutir a concepção do tempo para os índios Guarani Mbyá, do litoral sul fluminense, usando as mitologias desta tribo, na palestra Tudo é uma questão de tempo.
- Vamos identificar nos mitos elementos dos astros, que marcam a vida dos índios. A partir daí, poderemos compreender, por exemplo, porque os batizados indígenas são praticados sempre no mês de janeiro - diz o lingüista Luiz Carlos.
No último dia do evento, outro descendente indígena se apresenta ao público: Carlos Tukano, representante da tribo Tukano, originária da Amazônia. Ele fala sobre mitos de sua tribo e como a astronomia e a cosmografia fazem parte do cotidiano da aldeia. A oficina Mitos e Constelações Tupi-Guarani, para o público infantil, completa a programação.
Durante todos os dias, as lunetas do MAST vão estar à disposição do público, para a observação do céu.
As inscrições devem ser feitas pelo telefone (2580-7010, r: 210).

JB, 17/09/2004, Cidade, p. 21

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