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Micos e micos

JB, Informe JB, p.A6
Autor: RIBEIRO, Belisa
27 de Jul de 2004

Micos e micos

O que têm em comum o governador da Bahia, Paulo Souto (PFL), a Companhia Vale do Rio Doce e o ex-ministro da Fazenda Ernane Galvêas, conselheiro da Aracruz Celulose? A certeza de que há um preciosismo ecológico prejudicando o desenvolvimento do Brasil. Na Bahia, há três anos, espera-se licença do Ibama para aumentar a carga de uma linha de transmissão de energia capaz de atender à expansão do bem-sucedido projeto de irrigação que criou o pólo de hortigranjeiros na Chapada Diamantina. Resolvido o problema da água, o pedido de mais energia esbarrou na passagem do aumento da linha - não é nem de uma nova linha - por cinco quilômetros dentro do parque de preservação da região. Como nada se define, queima-se óleo diesel para irrigar, talvez provocando danos maiores ao meio ambiente do que a revisão da carga da linha já existente, que corre paralela a uma estrada que já beira o parque. A Vale do Rio Doce demorou, também em nome da preservação ambiental, um ano para conseguir cortar algumas árvores para construir um mineroduto no Pará e dar escoamento à produção . O ex-ministro vê neste preservacionismo um dos motivos para a queda, forte e constante nos últimos três anos, do investimento direto de capital estrangeiro no Brasil. Todos somam a este problema, para o qual vêem o presidente Lula sensibilizado, outro maior - o da alta carga tributária do país.
Paulo Souto não vê mais como seu estado e todos os outros suportarem, só para dar um exemplo, compensar a falta de investimento da União nas rodovias federais. A Vale paga, por causa de impostos, US$ 31 por quilowatt no Brasil contra US$ 9 na Noruega, onde opera uma planta de ferro-ligas. Galvêas lembra que o Brasil na época dos governos militares, quando ele era poder, chegou a crescer 14% em um ano, mais que a China, onde hoje se paga zero em tributo sobre tudo o que for para a exportação, e sentencia a diferença entre proteção do mico-leão-dourado e pagar do mico-preto:

- Ou revemos as regras que restringem o desenvolvimento real, como as excessivas na área do meio ambiente e as draconianas na carga tributária, ou o Brasil continuará a dar vôos de galinha.

JB, 27/07/2004, p.A6

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