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Menino é atacado por onça e viaja 6 dias para receber atendimento

FSP, Cotidiano, p. C8
23 de Jan de 2010

Menino é atacado por onça e viaja 6 dias para receber atendimento

Kátia Brasil
Da agência Folha, em Manaus

Um menino indígena foi atacado por uma onça na floresta amazônica, passou seis dias viajando em uma canoa pelo Amazonas para ter atendimento médico e sobreviveu depois de passar por uma cirurgia.
O garoto tem 12 anos, mas estrutura física de uma criança de nove. Ele sofreu fraturas nos ossos da face e teve parte do couro cabeludo arrancado.
O caso ocorreu na aldeia Jarinal, no município de Eirunepé, a 1.245 km sudoeste de Manaus. Os índios mataram a onça.
De acordo com o relato da família para a enfermeira Luciana Ribeiro de Carvalho, da Fundação Poceti, conveniada da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), o ataque aconteceu no dia 13 deste mês.
O menino brincava com outro garoto e se distanciou, quando foi atacado pelo animal selvagem.
A onça pintada era um filhote de cerca de 1,70 m de comprimento.
Ao ouvir os gritos da criança, a mãe saiu correndo a procura de ajuda.
"Uma tia do menino furou o animal com um punhal, salvando a criança", afirmou a enfermeira, com base no relato ouvido dos familiares do garoto.

Viagem
Segundo Luciana Carvalho, o pai e cinco familiares colocaram a criança em uma canoa e remaram em um afluente do rio Solimões.
No dia 18 chegaram a Jutaí. Lá, enfermeiros da Funasa colocaram o garoto em uma voadeira (canoa de alumínio com motor de popa).
Foram 12 horas de viagem até chegar à cidade de Tefé.
Anteontem o garoto foi removido de UTI aérea para Manaus. "A criança estava bastante debilitada, mas foi muito resistente, não se queixava de dor e nem chorava. Fiquei bastante impressionada", afirmou a enfermeira.
Ontem, em um pronto-socorro de Manaus, o menino passou por uma cirurgia na cabeça. O hospital informou que o quadro é estável e que o menino se alimenta normalmente.
Paulo Rodrigues Hayden, da Funai (Fundação Nacional do Índio) de Eirunepé, diz que ataques de onça a índios são pouco comuns na região. "A criança só sobreviveu porque a onça era um filhote", disse.

FSP, 23/01/2010, Cotidiano, p. C8

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