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Índios voltam a ser ameaçados na Raposa Serra do Sol

Portal Vermelho - www.vermelho.org.br
Autor: Iram Alfaia
10 de Jul de 2008

O coordenador-geral do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Dionito José de Souza denunciou nesta sexta (11) que dois jovens Macuxi foram ameaçados por empregados do prefeito de Pacaraima, Paulo César Quartiero (DEM-RR), arrozeiro dono da Fazenda Depósito. Armado com revólver, os funcionários teriam forçado os índios a entrarem num carro e questionavam se eles eram a favor de Quartiero ou do CIR.

A agressão teria acorrido há uma semana perto da comunidade Dez Irmãos, na Reserva Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. Os jovens Clenildo Conceição e Cassiano Filho relataram que foram obrigados a ingerir cachaça durante o seqüestro. Eles só escaparam depois que os acusados pararam o carro na estrada para conversar com outra pessoa.

Os funcionários, que estariam embriagados, foram identificados por Rubilar Jesus e Edmundo Viriato Amaro. Este último chegou a mandar matar os jovens índios.

Em maio passado, o arrozeiro Paulo César Quartiero foi preso pela Polícia Federal (PF) acusado de agredir um grupo de 100 índios com bombas caseiras e armas de fogo. Também foi detido o seu filho Renato e mais seis funcionários da fazenda, onde os agentes encontraram material explosivo e equipamentos para a fabricação de bomba.

Denúncia chega a Brasília

Dionito José de Souza diz que o ato criminoso foi denunciado tanto ao Departamento da PF quanto ao escritório da Fundação Nacional do Índio (Funai) no estado, mas nenhum providência foi tomada. "Agora pedimos que o CIMI (Conselho Indigenista Missionário) entregue o documento com as denúncias à PF em Brasília", disse o líder indígena.

O coordenador do CIR teme que outros conflitos ocorram na região por conta principalmente "da bebedeira" dos funcionários dos arrozeiros. Ele diz que o problema está muito concentrado na comunidade Indígena do Barro, especificamente nos bares da Luíza, do Piauí e do Manoel dos Índios. "Eles ficam bebendo cachaça e jogando piadas e ameaçando os índios, tudo isso na frente dos homens da PF que não fazem nada", reclamou.

Com relação ao julgamento das ações no Supremo Tribunal Federal (STF) questionando a demarcação da Raposa Serra do Sol, Dionito Macuxi, como é conhecido, diz que há muita esperança entre o seu povo que o Supremo mantenha a demarcação da forma atual, ou seja, contínua. "Queremos nosso território livre; não tem nada de outra nação ou risco à soberania. A gente sabe que existe lei neste país e essa lei tem que funcionar. Contamos com o apoio total do STF", disse.

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