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Índios são acusados de participar de assaltos em rodovia do Paraná

O Globo Online - http://oglobo.globo.com
03 de Ago de 2010

SÃO PAULO - O Núcleo Especial de Operações da Polícia Rodoviária Federal, em Cascavel, no Paraná, realiza uma operação para combater roubo de cargas na rodovia federal BR 277. O trabalho dos cerca de 12 policiais está concentrado em um trecho de 30 quilômetros (entre o km 470 e o km 500), na região de Rio das Cobras, no município de Nova Laranjeira, onde se encontra uma reserva indígena Guarani. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, os índios participam dos assaltos a caminhoneiros na região, inclusive colocando obstáculos na pista para que os veículos capotem e a carga transportada seja saqueada. Até agora, sete pessoas foram presas, sendo quatro indígenas e três colonos que moram na região. A ação foi denominada Operação Guarani.

Segundo informações do inspetor Eliel Weiss, chefe do núcleo de policiamento de fiscalização de Cascavel, a região onde se concentra a operação é de serra, o que facilita a ação dos saqueadores. Desde fevereiro, foram registrados dez ataques a caminheiros. Só no mês de julho, foram três assaltos. De acordo com o inspetor Weiss, as vítimas contaram que o grupo de índios e colonos coloca obstáculos na pista, provocando o acidente ou obrigando o motorista a parar. A pista é interrompida com troncos de árvores e galhos com espinhos ou blocos de concreto pré-moldado. Alguns motoristas contaram que o grupo espalhou óleo na pista para deixá-la escorregadia e provocar derrapagens,

Assim que o veículo para ou tomba, um grupo de pelo menos cem pessoas sai da mata e abre o compartimento de carga para saquear o que é transportado. Nos últimos acidentes, uma carga de carne, avaliada em R$ 200 mil, foi levada. Uma carga de frango também foi roubada parcialmente de um caminhão. Um veículo que transportava material reciclável foi interceptado na rodovia pelo grupo, mas não houve interesse na carga, explicou o policial.

- Nos últimos assaltos, os índios e os colonos também levaram aparelhos que estavam na cabine do caminhão, como tacógrafo - disse Weiss ao GLOBO.

Segundo o policial, o 'modus operandi' dos saqueadores é sempre o mesmo: após o acidente ou a parada do veículo nos obstáculos, o grupo se aglomera ao redor do veículo. Os motoristas, assustados, acabam fugindo do local. Segundo relato das vítimas aos policiais, os índios estão armados com paus, pedras e facões.

- Quando a polícia rodoviária federal chega para atender a ocorrência, ou mesmo para fiscalizar o trânsito na região, também é atacada com essas armas. Tivemos casos de viaturas danificadas pelo grupo - diz o inspetor Weiss.

O policial contou que numa das ocorrências, no dia 17 de maio último, o motorista de um caminhão que transportava botijões de gás teve a carga saqueada após tombar. Ele disse aos policiais que teve que pagar aos índios para reaver os botijões. Segundo relato da vítima, os indígenas disseram que toda a carga que cai na reserva passa a ser propriedade dos índios.

Na reserva Guarani vivem entre 2.700 e 3.000 índios da etnia. Segundo o inspetor Weiss, há muitos casos de alcoolismo no local. Alguns indígenas embriagados foram flagrados por policiais na rodovia, o que aumenta o risco de acidentes, já que a BR 277 tem pista simples. O policial também avalia que a participação dos índios nos assaltos a caminhoneiros se deve a uma falta de controle do cacique sobre o grupo que atua na rodovia.

- Sabemos que o cacique é muito jovem, escolhido há pouco tempo, e não teria autoridade sobre o grupo - explica o policial.

O policial afirma que a Operação Guarani é emergencial, e garante a segurança dos motoristas temporariamente. Ele informou que a Funai foi informada há mais de um mês sobre a ação, mas até agora não se manifestou. Também foram informados do problema o Ministério Público e a Polícia Federal de Guarapuava, o Ministério Público de Cascavel, e a Polícia Civil da região.

- Nosso objetivo é reunir o pessoal da Funai e o cacique para conversar sobre o que pode ser feito - disse o inspetor Weiss.

Os crimes cometidos pelos índios e colonos são roubo, agressão e dano aos meios de transporte. A Operação Guarani não tem data para terminar e também está coibindo o tráfico de armas e de drogas.

http://oglobo.globo.com/cidades/mat/2010/08/03/indios-sao-acusados-de-p…

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