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Índios isolados do MA estão ameaçados por madeireiras, alerta ONG

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Autor: Iberê Thenório
05 de Fev de 2009

A exploração ilegal de madeira e a invasão de reservas por agricultores pode eliminar os últimos índios Awá que vivem isolados no Maranhão, alerta a ONG inglesa Survival International. A instituição lançou uma campanha para pressionar autoridades brasileiras e estrangeiras a proteger esses povos.

Segundo a Survival, cerca de 300 Awás - também conhecidos como Guajás - já tiveram contato com os não-índios e vivem dentro de reservas na Amazônia maranhense. Outras 60 pessoas, no entanto, nunca se comunicaram com o mundo exterior, e formariam uma das últimas tribos brasileiras a viver de forma nômade, dependendo apenas da caça, pesca e coleta de vegetais para sobreviver.

O padre Cláudio Bombieri, que há 26 anos trabalha com índios no Maranhão, conta que grande parte das terras já reconhecidas como indígenas estão ocupadas por fazendeiros. Segundo ele, além da perda do território, os índios isolados ainda são ameaçados por doenças. "Eles não têm vacina, nem nada. Qualquer tipo de gripe poderia matá-los", alerta.

O isolamento dos Awá é voluntário, segundo Bombieri. Para se proteger eles evitam inclusive o contato com índios da mesma etnia. "Eles se recusam [a conversar], pois já não os reconhecem mais. Vêem que se vestem de uma forma diferente, o corte de cabelo é outro", explica.

Faroeste

Em outubro, uma equipe do Fantástico checou em campo a denúncia enviada por um internauta ao Globo Amazônia, e constatou que o desmatamento consumia as reservas de Guajajara, Awa-Guajá, Alto Turiaçu e Gurupi, justamente onde vivem os Awá. A situação na região era tão tensa que o local era chamado por muitas pessoas de "faroeste maranhense".

Essas áreas protegidas, na divisa do Maranhão com o Pará, são um dos últimos locais do estado nordestino onde a floresta amazônica permanece em pé. "A partir do momento em que tomaram conhecimento de que as reservas daqui estavam preservadas, começaram a invadir", relatou ao Globo Amazônia um funcionário da Funai que não quis se identificar.

Segundo o servidor, além de retirar madeira os invasores interferem na cultura indígena, trazendo bebida e realizando escambo - troca de mercadorias em que, na maioria das vezes, os índios saem perdendo. "O índio não está preparado para essa má influência", avisa.

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