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Indígenas correm risco de ficar sem candidatos no Amazonas

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Autor: Clarice Manhã
25 de Jul de 2010

Quatro índios se inscreveram, mas dois desistiram e dois foram impugnados.

Os indígenas do Amazonas correm o risco de ficar sem representante nestas eleições. Dos quatro que pediram registro de candidatura para disputar uma vaga na Assembleia Legislativa do Estado (ALE) neste ano, dois desistiram por falta de recursos financeiros e dois estão com o registro de candidatura sob risco de impugnação.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Fundação Nacional do Índio (Funai), os indígenas do Amazonas correspondem a cerca de 28% da população de 358 mil em todo o Brasil. No Estado, são cerca de 100 mil indígenas. O Amazonas tem também 37,5% das terras indígenas demarcadas no País.

Mesmo sendo uma parcela expressiva da população, os indígenas ainda não conseguiram conquistar espaço na Assembleia Legislativa do Estado (ALE) e no Congresso Nacional.

Nas eleições municipais de 2008, foram eleitos dois prefeitos indígenas, em Barrerinha e São Gabriel da Cachoeira, além de aproximadamente 30 vereadores em todo o Estado, segundo o antropólogo Ademir Ramos, coordenador do Núcleo de Cultura Política do Amazonas (NCPAM) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).

O ex-secretário de Estado dos Povos Indígenas, Jecinaldo Sateré-Mawé (PMN), registrou sua candidatura a deputado estadual pela coligação 'Avança Amazonas', que não preencheu a cota mínima de candidatas, e o Ministério Público Eleitoral (MPE) pediu a impugnação da chapa inteira. O Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM) ainda não julgou o processo. "As dificuldades são muitas. Não tenho como visitar os 44 municípios onde vivem as comunidades indígenas do Estado", disse.

Adir Tikuna (PT), candidato a deputado estadual pela coligação 'O Amazonas Melhor para Todos 2' também espera a decisão do TRE-AM quanto ao pedido de impugnação da composição. Segundo o MPE, a coligação perdeu o prazo para registro das candidaturas. A reportagem tentou contato com Tikuna, mas não obteve sucesso.

Eliézio Marubo (PV) informou que desistiu destas eleições porque se sentiu prejudicado pela coligação da sua legenda com o PPS, e retirou sua intenção de candidatura. "Já era consenso que não faríamos coligação com partidos que pudessem nos tomar votos", disse. O indígena afirmou que pretende começar a se articular para as eleições municipais de 2012.

Fidélis Baniwa, que seria candidato pelo PCdoB, disse que desistiu em razão da dificuldade de arcar com o custo de campanha. "A realidade é que não tenho recurso para uma campanha em nível estadual. É preciso muito dinheiro", afirmou.

Recursos

Segundo o antropólogo Ademir Ramos, os pré-candidatos indígenas foram escolhidos democraticamente pelas comunidades para representar o movimento indígena, mas têm encontrado dificuldade principalmente na falta de dinheiro para a campanha eleitoral.

Para o antropólogo, no entanto, a atual legislação eleitoral, que veda a distribuição de brindes, torna as condições mais igualitárias para todos os candidatos. "Hoje a população indígena no Amazonas é a terceira maior no País, mas isso não significa eleição vencida. A afirmação que índio vota em índio é duvidosa. Seria como acreditar que todas as mulheres votam em mulheres", disse.

Ademir também destaca como entrave a falta de informação sobre os projetos de candidatos indígenas. "O índio não tem políticas apenas para os indígenas. Dentro do movimento existe o debate de um programa que atende à sociedade civil como um todo". O antropólogo informa que a candidatura para cargos estaduais e federais faz parte de uma discussão nacional. "O objetivo é conseguir uma bancada parlamentar indígena, para dar atenção às causas das comunidades tradicionais, meio ambiente e sustentabilidade. São temas de interesse de toda sociedade civil".

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