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Governo vai acelerar marco regulatório para Ongs

Valor Econômico, Política, p. A5
24 de Set de 2013

Governo vai acelerar marco regulatório para Ongs

Por Bruno Peres
De Brasília

O mais recente escândalo de corrupção envolvendo repasses do Ministério do Trabalho a entidades sem fins lucrativos - irregularidade semelhante à que levou à saída de Carlos Lupi em meio à faxina ética, bem como outros ministros pela prática recorrente - deverá acelerar a apresentação de um novo marco regulatório das organizações da sociedade civil.
A presidente Dilma receberá nos próximos dias a lei aprovada na última semana pelo Congresso Nacional que simplifica o processo de certificação de entidades sem fins lucrativos, que prestam serviços de educação, saúde ou assistência social. A lei é vista como uma espécie de "antessala" do novo marco regulatório das organizações da sociedade, segundo definiu o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), um dos negociadores da proposta que tramitou com celeridade em um esforço concentrado dos parlamentares.
"O objetivo do governo com a lei é resolver um passivo deixado pelo conjunto de legislações e da interpretação da Receita Federal, do Tribunal de Contas da União (TCU), que acabaram colocando à margem da legalidade inúmeras instituições importantes para o Brasil", disse Paulo Teixeira ao Valor.
O novo marco regulatório depende apenas da análise da presidente para ser anunciado e foi elaborado a partir de debates entre representantes do terceiro setor e diversos agentes do governo - como Casa Civil, Secretaria-Geral da Presidência, Controladoria-Geral da União (CGU) e ministérios do Planejamento e da Fazenda, entre outros.
A expectativa do governo com o novo marco regulatório é conferir mais rigor aos convênios firmados pelos ministérios, transparência no repasse de recursos, além de propor o acompanhamento das atividades desempenhadas pelas entidades beneficiadas com recursos públicos. O discurso recorrente no governo é que entidades sérias não podem ser criminalizadas em razão de irregularidades detectadas em casos específicos por órgãos de fiscalização ou instâncias próprias de controle governamentais.
A Associação Brasileira de Organizações não Governamentais (Abong) manifestou-se em sua página na internet contrariamente a "uma onda de criminalização das Organizações da Sociedade Civil (OSCs)" em razão da fraude descoberta no Ministério do Trabalho. A entidade destacou que as regras atuais para os convênios "não são claras e variam de acordo com cada ministério". "É um erro prejulgar todas as Organizações da Sociedade Civil por conta das ações de um grupo criminoso", afirmou a associação em sua página na internet.
"O caminho para coibir o uso de ONGs para desvio de recursos públicos começa pela criação de um novo Marco Regulatório para as relações entre o Poder Público e as organizações, com regras transparentes e segurança jurídica para os dois lados", disse.

Valor Econômico, 24/09/2013, Política, p. A5

http://www.valor.com.br/politica/3280552/governo-vai-acelerar-marco-reg…

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