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Florestas em crescimento

OESP, Agricola, p.G2
Autor: LIMA, Lupercio Barros
03 de Dez de 2003

Florestas em crescimento
Na década de 70 o Brasil acordou para um problema: o consumo crescente de madeira e a devastação das florestas nativas. O corte desenfreado de madeiras nobres começava a deixar sinais, chamando a atenção da população, do governo e de organismos internacionais. Nas décadas de 70 e 80, com incentivos fiscais, o governo estimulou a plantação de eucalipto e pinus, espécies de rápido crescimento e excelente aplicação industrial, na tentativa de aplacar a devastação e criar uma base de produção de madeira. A iniciativa deu frutos e, hoje, o Brasil tem 4,8 milhões de hectares reflorestados com estas espécies, sendo que 25% estão desvinculados das indústrias, dando sustentação ao mercado de madeira roliça em geral. Os estoques somam uma oferta de 852 milhões de metros cúbicos.
Hoje o Brasil já colhe o dobro de madeira de reflorestamento do que de floresta nativa. Embora a questão florestal ainda seja abordada parcialmente, ora por setores que utilizam a madeira como principal insumo, ora sob a perspectiva ambiental, esta atividade confirma uma importante dimensão econômica. Além de estar entre os dez maiores produtores florestais do mundo, contando com 6,4 milhões de hectares, o País desenvolveu tecnologia avançada para a exploração de florestas e para a transformação industrial da madeira, e apresenta o maior rendimento na produção de eucalipto e pinus do mundo.
A previsão de crescimento do setor, nos próximos cinco anos, é de taxas anuais na faixa de 10% a 12%, em função das possibilidades existentes nos mercados externo e interno. A demanda por móveis importados pelos EUA tem crescido por vários motivos, entre os quais a preferência por um design mais moderno e, também, a capacidade de fornecedores estrangeiros em oferecer produtos a preços competitivos. Fatores como esses desenham a vocação madeireira e exportadora do Brasil. A indústria brasileira de base florestal busca no mercado externo oportunidades de crescimento.
Segundo dados da Abimovel, em 2001 o volume total exportado pelo Brasil chegou a US$ 4,2 bilhões, quase 8% de todas as exportações brasileiras. No mercado nacional, o setor já movimenta 3,5% do PIB, faturando US$ 21 bilhões anuais. Reunindo cerca de 30 mil empresas, responsáveis por 4,5 milhões de empregos diretos e indiretos, o setor precisa de novos mercados para manter os índices de contratações e ampliar o faturamento. Por isso, são fundamentais as mostras especiais e stands brasileiros em feiras internacionais, organizadas por entidades com foco em exportação.
Apesar do cenário promissor, a indústria madeireira esbarra em um sério entrave, já apontado pelo Ministério do Meio Ambiente: a partir de 2004, parte da indústria brasileira processadora de madeira terá que importar matéria-prima. Isso porque o reflorestamento teve sua expansão limitada pela ausência de financiamentos adequados, principalmente após o fim do Fundo de Incentivo Setorial (Fiset) em 1987. Hoje, o BNDES figura como a principal alternativa de financiamento para o plantio de florestas. Urge que sejam formuladas estratégias de fomento de um mercado florestal no Brasil.
O Conselho Florestal do Movimento Espírito Santo em Ação foi criado exatamente para isso. A observação de experiências de países como Finlândia, Canadá, EUA e Chile, que têm um setor florestal consolidado, também pode ajudar nesse processo.
As florestas são, mais do que matéria-prima, um ativo de alta liquidez.
Geradora de receitas e importante na pauta de exportações do Brasil, a indústria da madeira é fundamental para o desenvolvimento regional. Torna-se crucial, portanto, a formulação de estratégias e instrumentos que dêem apoio a esta atividade, principalmente no que se refere ao uso sustentado das florestas tropicais e ao reflorestamento, para a manutenção das vantagens competitivas do Brasil na cadeia produtiva da madeira e na balança de exportações. As sementes deste trabalho foram lançadas. Resta-nos aproveitar esta vocação para a madeira e ampliar os mercados.

OESP, 03/12/2003, p. G2

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