FSP, Poder, p. A8
21 de Out de 2010
Em evento tumultuado, Dilma mostra plano ambiental genérico
Petista diz não fazer "leilão político" e não assina documento de ONG
Claudio Angelo
Ranier Bragon
Apesar de ter recebido o apoio de ambientalistas e lideranças do PV, Dilma Rousseff (PT) apresentou ontem em Brasília um programa para a área ambiental genérico, que em alguns casos se limita a prometer cumprir a lei.
O evento foi tumultuado. A petista teve sua fala interrompida por duas manifestantes do Greenpeace que, portando cartazes, tentaram obter dela o compromisso com a proposta de desmatamento zero e de defesa de uma lei de incentivo a energia eólica e solar.
Militantes do PT tentaram retirar as manifestantes da sala, aos gritos de "fora, tucanos!", mas foram impedidos pela própria candidata.
Apesar disso, Dilma se recusou a assinar o documento. "Não faço leilão político para ganhar apoio", disse. "A minha assinatura não vai em qualquer compromisso que botam na minha frente e dizem: "Assina!", porque isso é desrespeitoso."
O programa foi distribuído em um ato no Hotel Nacional, que reuniu verdes como os deputados federais Sarney Filho (MA) e Edson Duarte (BA), além da filha de Chico Mendes Ângela.
Também estiveram presentes no ato representantes de movimentos sociais, como Via Campesina e MST.
O líder do MLST, Bruno Maranhão, envolvido na invasão da Câmara dos Deputados em 2006, assistiu ao ato da plateia, como convidado dos movimentos sociais, e esteve com Dilma na sala VIP do hotel.
A senadora Marina Silva (PV-AC) minimizou a decisão de parte do PV apoiar Dilma. "Cada integrante do partido tem sua posição individual."
No programa, de 13 páginas, as palavras "sustentável" e "sustentabilidade" aparecem 45 vezes. Apesar disso, uma das únicas inovações em relação a políticas já adotadas pelo governo diz respeito ao Código Florestal.
Dilma promete "vetar iniciativas que impliquem anistia a desmatadores ou redução de áreas de reserva legal e preservação permanente".
"O resto é vago o suficiente para se cumprir ou deixar de cumprir segundo a vontade da candidata", afirma Sérgio Leitão, do Greenpeace. "A candidata tergiversa sobre os compromissos na área ambiental", diz.
Em ao menos dois casos, o programa petista promete apenas cumprir a lei.
Um deles é a a promessa de cumprir as metas de redução de gases-estufa propostas na conferência de Copenhague, que incluem o corte no desmatamento amazônico em 80% até 2020.
Quando chefe da Casa Civil, Dilma se opôs à adoção das metas.
O outro é que, na construção de hidrelétricas, "serão garantidos os direitos das populações afetadas (...) e sua participação em discussões".
FSP, 21/10/2010, Poder, p. A8
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