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Coleta fica mais difícil no AM

A Crítica - www.acritica.com
16 de Set de 2010

A 45 dias de terminar o prazo para a coleta, recenseadores têm pela frente vários desafios impostos pela geografia da região

MANAQUIRI, AM - A coleta do Censo 2010 desenvolvida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no Amazonas entra na fase complicada. Até agora, 62% das pessoas já foram recenseadas no Estado. No entanto, os 38% restantes correspondem, em sua maioria, às pessoas localizadas nas comunidades rurais e indígenas dos municípios do interior do Estado, que começam a sofrer os impactos de uma das maiores estiagens dos últimos anos.

Entre as principais dificuldades apontadas pelos recenseadores, além da navegação e das distâncias que ficam ainda maiores no período de seca, estão as populações indígenas. "Em alguns locais só podemos entrar com a ajuda de técnicos da Fundação Nacional do Índio ou da Funasa. Eles não permitem nossa entrada sem acompanhamento. Além disso, há a dificuldade de comunicação", afirmou Mary Anne Ferreira, 22, uma das 18 recenseadoras do Município de Manaquiri, localizado a 79 quilômetros de barco da capital.

No município de Manaquiri a equipe de recenseadores optou por priorizar a zona rural, prevendo a seca, no entanto essa não é a mesma realidade dos outros municípios do Estado como Boca do Acre, Pauni, Lábrea, Ipixuna, Envira e Eirunepé, já atingidos pela estiagem. "A determinação nacional era que começássemos pela zona urbana, mas assim que ficamos liberados de trabalhar na zona rural, paramos tudo e fomos para lá e isso adiantou muito nosso trabalho, já que aqui mais da metade da população está na zona rural a vários quilômetros da sede do município", afirmou a agente local, Aline dos Santos Reis.

São pessoas como a agricultora Sueli Lima dos Santos, 32, que mora com o marido e cinco filhos no lago de Santo Antônio do Araçatuba, zona rural de Manaquiri. Sem água tratada nem luz, a família já espera as dificuldades de abastecimento e isolamento. "Hoje recebemos o Censo, mas quando seca mesmo, é preciso andar quilômetros para pegar água e chegar aqui. Se a pessoa fica doente, morre", afirma.

De acordo com o coordenador de divulgação do Censo 2010, Adjalma Nogueira, não há possibilidade de prorrogar o prazo da coleta no Amazonas. "Temos 45 dias de coleta pela frente, mas esses quase 40% restantes são os mais difíceis. No entanto, os prazos estão nacionalmente definidos e a coleta termina dia 31 de outubro."

Blog

"Jucilene da Silva Pereira, 36, recenceadora do Manaquiri"

"A seca dificulta nosso trabalho, limita nossas opções de transporte e interfere inclusive na nossa relação com as pessoas, que ficam mais fragilizadas e buscando alternativas para sobrevivência nesse período. Aqui no Manaquiri, como priorizamos a zona rural, já prevendo a situação de seca, nosso trabalho está bastante adiantado. No entanto, essa última parte é a mais difícil. Outro problema é o costume nômade de populações indígenas e ribeirinhas do Estado. Às vezes percebemos quilômetros, passando por barrancos entramos em pequenos furos no meio do rio para chegar em um local distante e quando chegamos lá a pessoa saiu, viajou para outro município, foi visitar um parente, então as características geográficas da região realmente prejudicam muito nosso trabalho."

Em números

20 dias é o prazo dado pelo Tribunal de Contas da União para que as prefeituras recorram, após a divulgação dos dados do Censo. Este ano, a divulgação dos resultados acontece no dia 4 de novembro e as prefeituras têm até o dia 24 para recorrer. A publicação acontece no dia 27.

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