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Aquecedor do planeta ligado em nível recorde

O Globo, Ciência, p. 34
08 de Jun de 2012

Aquecedor do planeta ligado em nível recorde
Concentração de dióxido de carbono na atmosfera ultrapassa pela primeira vez marca considerada simbólica

Cláudio Motta
claudio.motta@oglobo.com.br

A escalada do nível de dióxido de carbono na atmosfera preocupa climatologistas. Pela primeira vez, registros no Ártico mostram média mensal acima de 400 partes por milhão (ppm), índice considerado icônico sobre o acúmulo de CO2 na atmosférica. A marca reforça o impacto das emissões provocadas pelo homem e é vista como um alerta para os danos que as mudanças climáticas deverão causar.
Os níveis médios globais de CO2 foram 390,4ppm em 2011, de acordo com as medições da agência americana para atmosfera e oceanos (Noaa, na sigla em inglês), e provavelmente vão chegar a 400ppm por volta de 2016. Antes da Revolução Industrial, nos anos 1880, a média global era de 280ppm.
- Durante o mês de abril, a média superou as 400ppm pela primeira vez em todo o Ártico - disse o pesquisador Pieter Tans, da Noaa. - Estamos em um jogo perigoso (em relação ao aumento de CO2 na atmosfera).
Os registros anuais indicam uma variação natural dos níveis de CO2. O pico costuma ser atingido em abril, caindo ao longo do verão, por causa da absorção das plantas. A perspectiva é que a média registrada em 2012 seja um pouco menor do que 400ppm, ficando em cerca de 393ppm.
O pesquisador-chefe do Centro de Ciências do Sistema Terrestre do Inpe, José Marengo, ressalta que grandes reservas naturais de gases-estufa, como metano e CO2, vão ser liberadas na atmosfera quando geleiras, que hoje as armazenam, forem derretendo com o aumento da temperatura global.
- A concentração em 400ppm levará certamente a um aquecimento maior do que 2 graus - explicou Marengo.
- E com essas reservas de CO2 sendo liberadas, daqui a 20 ou 30 anos já podemos superar essa
O pesquisador-chefe do Centro de Ciências do Sistema Terrestre do Inpe, José Marengo, ressalta que grandes reservas naturais de gases-estufa, como metano e CO2, vão ser liberadas na atmosfera quando geleiras, que hoje as armazenam, forem derretendo com o aumento da temperatura global.
- A concentração em 400ppm levará certamente a um aquecimento maior do que 2 graus - explicou Marengo.
- E com essas reservas de CO2 sendo liberadas, daqui a 20 ou 30 anos já podemos superar essa temperatura.
O aquecimento global, ressalta o pesquisador do Inpe, é um processo natural. Porém, as emissões provocadas pelo homem aceleram o processo. O que era esperado para acontecer em um século, começa a ser observado em menos de 40 anos.
O Ártico não é o único local em que estão sendo registrados níveis recordes de CO2. A agência meteorológica do Japão já relatou níveis superiores a 400ppm entre março e abril na estação de monitoramento de Ofunato.
- Aumentar os níveis de gases-estufa na nossa atmosfera é como subir a potência de um cobertor elétrico - afirmou Jim Butler, diretor da Divisão de Monitoramento Global da Noaa - Você sabe que vai aquecer, mas não sabe quão rapidamente a temperatura vai subir.
Cientistas ressaltam, porém, que ainda não se sabe quais os níveis considerados seguros de CO2 na atmosfera. E que a marca de 400ppm é simbólica. Mesmo assim, ativistas defendem que cortes de emissões garantam 350ppm.

O Globo, 08/06/2012, Ciência, p. 34

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