VOLTAR

Amazonas: rumo à COP 10 e sem rumo na biodiversidade

Greenpeace - www.greenpeace.org
Autor: Raquel Carvalho
08 de Out de 2010

Era para ser um debate, porém quem compareceu na última quinta-feira ao evento "Brasil rumo à COP 10", promovido pela Secretaria de Meio Ambiente do Amazonas saiu frustrado. Após quase quatro horas de palestras, não houve sequer espaço para meia dúzia de perguntas, já que os únicos interventores foram três jornalistas. E aí nós perguntamos: existem assim tantas perguntas incômodas a serem respondidas?

A COP 10, que acontece este mês em Nagoya, no Japão, reunirá os 17 países que abrigam 70% de toda a biodiversidade do planeta, os chamados países megadiversos. O Brasil, que se destaca nesse quesito, deve atuar como líder também nas negociações, pelo menos isso é o que prevê o Ministério do Meio Ambiente. Os temas em discussão são variados e polêmicos e incluem a repartição de benefícios e compensação financeira por conhecimentos sobre a biodiversidade. Mas "em casa", muitas coisas ainda precisam ser arrumadas.

Na análise de Marco Antônio Fujihara, do Instituto Totum e um dos palestrantes do evento, a Cop 10, ao que tudo indica, será tão frustrante quanto a COP 15, última conferência mundial do clima que aconteceu em Copenhagen e naufragou. A explicação é simples: enquanto o Estado, detentor de toda essa riqueza natural, não incorporar a proteção da biodiversidade em suas contas públicas, as estratégias adotadas serão sempre paliativas com prejuízos significativos ainda que imperceptíveis. Dados da ONU (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) indicam que os prejuízos financeiros por perda de biodiversidade podem alcançar cifras anuais de 2 a 4,5 trilhões de dólares. Mas, ao que parece, existem setores que dominam as decisões políticas para os quais os lucros privados e imediatos são obviamente mais importantes que o bem-estar comum.

E o Amazonas? Maior estado da Amazônia brasileira, com 97% de sua floresta preservada, um sistema de Unidades de Conservação que cobre mais de 50% do estado e mecanismos legais para proteger a biodiversidade, o Amazonas parece estar livre de problemas. Mas a pavimentação das estradas e a expansão da pecuária no sul do estado estão mudando rapidamente esse cenário. Três municípios amazonenses já estão no ranking dos que mais desmatam: Apuí (10 posição), Lábrea (15) e Manicoré (25). As áreas protegidas, isoladamente, não serão páreo para esse cenário que avança: é preciso mais. Sem o cadastro das propriedades rurais, fiscalização e presença efetiva do estado, o Amazonas pode em curto espaço de tempo deixar de ser parte da solução e se transformar em uma parte (grande) do problema.

http://www.greenpeace.org/brasil/Blog/

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.