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Os donos do sal

Piseagrama - https://piseagrama.org/
Autor: Marina Vanzolini e Yuri Winkler
01 de Set de 2023

Entre os povos indígenas situados no Brasil, o hábito de fazer sal a partir de espécies vegetais foi notado desde os primeiros relatos de viajantes e cronistas. Hans Staden, mercenário alemão que naufragou na costa brasileira no século XVI, conta ter ajudado os Tupinambá em sua fabricação: após a queima do tronco de uma palmeira, as cinzas eram então misturadas à água e fervidas; o resultado era uma massa de cor marrom e o sabor, de acordo com o cronista, similar ao do sal mineral consumido na Europa. Três séculos mais tarde, Karl von den Steinen, em sua expedição pelas nascentes do rio Xingu, no noroeste do estado do Mato Grosso, descreve pela primeira vez os povos que ali habitavam e, dentre outras coisas, nota entre eles a prática de produzir sal por meio da queima de folhas e raízes de aguapé (Eichhornia crassipes), planta aquática que cresce nos pequenos lagos e afluentes da região.

Já no registro pioneiro de Steinen, os povos que habitam a região das cabeceiras do rio Xingu foram descritos como parte de um coletivo articulado pela intensa circulação de coisas e pelo compartilhamento de diversos traços culturais, a despeito de sua diversidade linguística - fato que levou outros pesquisadores a falar desses povos como integrantes de um sistema regional, que passou a ser conhecido como Alto Xingu. A área das cabeceiras do Xingu foi incluída nas fronteiras do Parque Indígena do Xingu quando de sua demarcação, em 1961 - passo essencial para a sobrevivência desses povos e de seu modo de vida. Tendo resistido a uma drástica depopulação em meados do século XX, causada sobretudo pelas epidemias de doenças trazidas pelos não indígenas, muitos dos povos encontrados por Steinen continuam lá. São os Mehinaku, Wauja e Yawalapíti, falantes de línguas da família aruak; Kalapalo, Kuikuro, Matipu, Nahukwá e Naruvôtu, falantes de línguas karib; Aweti e Kamayurá, falantes de línguas tupi; e os Trumai, falantes de uma língua considerada isolada. Numa negociação permanente entre o desejo de continuidade de seu modo de viver e a incorporação de elementos do mundo não indígena, esses povos seguem integrados em uma intensa rede de trocas de objetos, de pessoas e de conhecimentos - que ali circulam como bens de alto valor.

Diversos autores que passaram pelo Alto Xingu ao longo do século XX registraram a existência de especializações produtivas associadas a cada grupo linguístico ou povo, em parte ligadas ao seu acesso diferencial a determinadas porções do território e, consequentemente, a certas matérias-primas. Nos inúmeros rios, lagoas, campos e florestas próximos a suas aldeias, os alto-xinguanos travam relações com animais, plantas, e outros seres não humanos que os não indígenas costumam chamar de espíritos; é por meio desses encontros que fabricam objetos para seu uso cotidiano e ritual, e trocam-nos com os seus vizinhos xinguanos e não xinguanos, seja em rituais intercomunitários, seja em visitas ocasionais. Nem todos os registros antropológicos concordam em relação a algumas das especializações produtivas associadas a cada grupo alto-xinguano, outras parecem ter desaparecido; hoje a distinção mais significativa é aquela entre a confecção de colares e cintos de caramujo pelos povos Karib e a produção cerâmica pelos povos Aruak.

É nesse contexto que os Aweti, povo falante de língua tupi, se apresentam como os donos do sal no Alto Xingu, embora saibam que alguns de seus vizinhos, como os Mehinaku, os Yawalapíti e os Kalapalo, também sabem fazer esse condimento. Em todo caso, os Aweti o produzem em maior quantidade, e fazem do sal sua principal moeda de troca para obter não só colares de caramujo e panelas de cerâmica - os primeiros, imprescindíveis para a ornamentação ritual; as segundas, para a culinária cotidiana - mas também miçangas, roupas, outros objetos manufaturados, e até dinheiro. A unidade de troca é um pequeno cesto de cerca de cinco quilos de sal, que equivale a um colar de caramujo ou a um grande tacho de cerâmica. A produção do sal é altamente complexa e, inclusive, perigosa, motivo que os Aweti utilizam para explicar por que o sal vegetal é tão caro.

O povo Aweti tem hoje em torno de 250 pessoas, divididas em quatro aldeias originadas a partir de fissões da comunidade Tazu'jyt tetam, localizada na mesma área em que foram pela primeira vez encontrados por Karl von den Steinen. É também nas proximidades dessa comunidade que eles têm acesso ao aguapé que cresce nas lagoas contíguas de Tsalawa, Azu'yt e Itowi, a partir do qual produzem o sal vegetal. Na língua desse povo, aguapé e sal são designados pela mesma palavra: tukyt.

Conta uma antiga história aweti que as lagoas foram criadas pelo chefe Tumei, um "homem-peixe", a partir do rompimento de uma cabaça cheia d'água. Foi ele quem plantou os aguapés e criou diversos animais e insetos que ali habitam, fazendo deles donos das lagoas, e é por isso que esses seres hoje protegem sua casa dos Aweti que vêm retirar aguapé. Da aldeia Tazu'jyt, a caminhada até as lagoas dura cerca de uma hora, motivo pelo qual antigamente costumava-se acampar por ali durante as primeiras etapas do trabalho. Atualmente, ainda que certos casais desfrutem ocasionalmente o prazer de alguns dias de acampamento ao ar livre, muitas pessoas preferem ir e voltar das lagoas num mesmo dia, em moto ou bicicleta.

Cada família aweti cuida de um trecho na margem das lagoas onde cresce o aguapé, muitas vezes herdado de seus pais e avós, limpando o mato de uma área de cerca de 300m2, onde serão depositadas as raízes retiradas da água. O trabalho de puxar o aguapé começa no início da estação seca, entre abril e maio, podendo estender-se por alguns meses até que o aguapé da área explorada pela família seja todo utilizado - garantindo-se que algumas raízes permaneçam enterradas sob a lama da lagoa para crescer novamente no ano seguinte.

Como a maioria das atividades produtivas realizadas pelos povos indígenas, a produção do sal vegetal pelos Aweti é baseada na contínua colaboração entre homens e mulheres - geralmente um casal auxiliado por seus filhos e filhas. Se as mulheres é que costumam entrar na água e enfrentar o risco do choque de peixe-elétrico para puxar as raízes do aguapé até a beira, quase sempre contam com a força masculina para arrastar as plantas fora d'água até o local onde serão deixadas para secar, na área da margem previamente limpa. Ao longo de alguns dias, enquanto as folhas secam sob o sol, a mulher responsável pela produção (a dona do sal, quem terá a prerrogativa de utilizá-lo ou trocá-lo, mesmo que tenha sido auxiliada por diversos familiares no processo) deve retornar periodicamente ao local para revirá-las, garantindo que todas estejam igualmente secas dentro de mais alguns dias, quando enfim voltará para queimá-las.

O trabalho de queima, novamente realizado pelas mulheres, não é menos penoso, pois é preciso enfrentar a fumaça e seguir revirando as raízes no chão até que todas sejam transformadas em cinzas. Ainda quentes, as cinzas são reunidas num grande monte, onde esfriam antes de serem embaladas. Enquanto isso, é preciso que um homem, geralmente o marido da dona do sal, comece a produzir os balaios de palha revestidos de folhas em que as cinzas serão acomodadas para serem levadas à aldeia. Dado o enorme peso das cinzas que sempre carregaram nas costas, é de se entender que as mulheres aweti hoje se alegrem com a ajuda das filhas, de bicicleta, e dos filhos, de moto, que auxiliam nesse transporte.

É novamente tarefa feminina o passo seguinte - a filtragem das cinzas em água, mas são os homens que produzem os filtros cônicos de folhas e fibra de buriti, sustentados por um tripé sobre uma panela que receberá a água da filtragem. O trabalho requer atenção contínua da produtora do sal, que segue jogando água sobre as cinzas ao longo de muitas horas. Enquanto isso, o marido (ou o homem que estiver auxiliando a dona do sal) se encarrega de trazer a lenha (idealmente, de uma madeira especial) necessária para a etapa seguinte: a fervura do líquido resultante da filtragem, que hoje em dia é quase sempre realizada em grandes tachos de ferro. É preciso manter o fogo constante até que o líquido evapore, deixando apenas uma pasta acinzentada e úmida no fundo do tacho, o que geralmente custa uma noite de sono da produtora. Por fim, uma porção de cinza da lenha queimada nesse processo é utilizada para fazer pequenas bases circulares nas quais serão depositados, com a ajuda de uma concha, montículos cônicos de cerca de 20cm da pasta resultante da evaporação. Enquanto isso, a mulher deverá, de tempos em tempos, derramar água delicadamente sobre o monte a fim de lavar e clarear o sal.

No dia seguinte, toda a água presente na pasta acinzentada que havia resultado da evaporação terá sido absorvida pela base de cinzas, e o montículo terá se transformado numa seca e branca pirâmide de sal. É preciso, então, embalar o produto final nos pequenos cestos de fibra de buriti confeccionados, uma vez mais, pelo homem responsável por auxiliar a produtora principal. Cuidadosamente embalado, o sal será então pendurado no teto de palha da casa, na área onde estão as redes do casal, geralmente sobre o fogo aceso durante a noite para aquecer a família.

Falando sobre o imenso trabalho envolvido na produção do sal, os Aweti enfatizam que o tukyt não é uma coisa qualquer: ele é gente, mo'at. A ideia de que algumas plantas, animais ou mesmo objetos são "gente" é compartilhada por diversos povos indígenas da América do Sul. O termo é utilizado eventualmente para designar entes que aparecem para as pessoas comuns como uma simples árvore, animal, panela ou canoa, mas se apresentam sob forma humana para aqueles que têm a capacidade de acessar a dimensão espiritual (geralmente os xamãs, especialistas na cura de doenças provocadas pelo contato descontrolado com essas entidades). Mais do que a possibilidade de que o aguapé/sal apareça sob a forma humana, no entanto, a ideia de que o tukyt é gente indica que é preciso negociar com ele, como se faz entre pessoas, sob o risco de que se vingue daqueles que desrespeitam suas restrições.

É por isso que, além de trabalhosa, a fabricação do sal envolve diversas proibições, riscos e resguardos. Por exemplo: durante a secagem e queima das folhas e raízes, as pessoas envolvidas devem se abster de relações sexuais; mulheres menstruadas, gestantes ou puérperas não devem participar; pais de crianças pequenas devem evitar qualquer contato com o calor, visto que isso terminaria por afetar os corpos de seus filhos. Já durante a filtragem e evaporação, mulheres menstruadas e pessoas pintadas com urucum não devem se aproximar da panela, sob o risco de tornar o sal vermelho; além disso, pessoas que tiveram relações sexuais também devem ficar distantes, pois o cheiro forte pode fazer com que a panela da fervura rache. A desatenção às proscrições afeta, portanto, a pessoa, seus parentes e o próprio tukyt.

Como dissemos, diante de seus vizinhos xinguanos, os Aweti afirmam-se como os donos do sal - este é o principal produto de valor que apresentam nas ocasiões de troca intercomunitária. Tudo indica que, tal como o sistema alto-xinguano foi se estabelecendo ao longo da história, ser o portador de um produto especial garante a posição de cada povo diante dos demais. Os Aweti também falam de alguns pássaros, peixes e insetos que habitam as folhas de aguapé nas lagoas criadas, no começo dos tempos, pelo herói cultural Tumei, como donos do tukyt. São seres que cuidam zelosamente de sua casa - as folhas de aguapé - quando os humanos a invadem para fabricar sal (ninguém há de condenar o peixe-elétrico por isso). Esses são perigos que os Aweti aceitam enfrentar, a cada ano, em busca daquilo que torna sua comida, e a comida que compartilham com os espíritos convocados em seus rituais, saborosa. Quando se dizem donos do sal, os Aweti não implicam qualquer relação de exclusividade sobre o aguapé, nem o tratam como se fosse sua plantação - apenas facilitam sua regeneração a cada ano, mantendo algumas raízes na água. Ao contrário, reconhecem a legitimidade dos demais donos que povoam o lugar. Na medida em que também possuem um modo de vida e uma casa a ser respeitados, todos esses seres também são gente, ou como gente, para eles.

Cada estação do ano é marcada pela coleta de diversas frutas, entre as quais o pequi ocupa um lugar de destaque. A base da dieta xinguana, no entanto, é mesmo o peixe, sempre acompanhado do beiju de tapioca, feito com o finíssimo polvilho produzido pelas mulheres a partir das diversas espécies de mandioca brava cultivadas em grandes roças. Peixe e beiju são aquilo que os povos xinguanos realmente chamam de comida. Essa alimentação, que pode parecer-nos monótona, é na verdade bastante variada, desde que reconheçamos que tipo de variedade interessa ali: a cada época do ano, peixes diferentes serão pescados, segundo a variação do regime de água dos rios e dos lagos da região. Os modos de preparo também variam: peixes pequenos são especialmente apropriados para o cozido, uma espécie de pirão engrossado com polvilho de tapioca; peixes médios são deliciosos assados na hora, e peixes grandes, embora também possam ser cozidos ou assados, ficam especialmente saborosos no moquém, um assado lento que produz um sabor levemente defumado. Todas essas iguarias são temperadas com o sal vegetal, seja agregado durante o cozimento do pirão, seja acrescentado sobre peixe assado ou moqueado na hora de comer, puro ou pilado com pimenta. O molho de sal com pimenta, ligeiramente engrossado com polvilho e acrescentado sobre o peixe assado, é uma verdadeira iguaria, às vezes comido puro com beiju para matar a fome quando falta peixe. Sem falar no cozido de castanha de pequi, também temperado com sal e pimenta - coisas que só quem tem a sorte de estar na região entre novembro e fevereiro, quando o peixe escasseia e é em parte substituído pela carne e pela castanha do pequi, terá a sorte de provar.

Não estranha, portanto, o título escolhido por Awajatu Aweti para o filme que registra um pouco do processo de produção do tukyt: "Tukyt Kiraj, o sabor do sal" (uma produção da Associação Indígena do Povo Aweti com o apoio do Programa Demonstrativo de Povos Indígenas, do Ministério do Meio Ambiente). O termo kiraj, a depender do contexto, pode significar "bonito", "engraçado" ou "gostoso". Realmente, o sal dá graça à comida aweti. No mesmo filme, ao falar sobre o início da época de fabricação do sal, Majalu Aweti lembra que, quando a comida começa a ficar sem sabor - momento em que os estoques do ano anterior já acabaram ou estão terminando - o povo começa a dizer: "amanhã vamos puxar tukyt".

A demanda dos demais povos alto-xinguanos pelo tukyt costuma ser tão grande que, frequentemente, os Aweti queixam-se de não conseguir atendê-la, e às vezes se veem obrigados a colocar seus estoques pessoais em circulação. Para os povos que não produzem o próprio sal, dificilmente a quantidade trocada será suficiente para garantir o tempero para o ano todo, mas - ao que parece - as pessoas não abrem mão do sal de aguapé para a culinária ritual: o tukyt, diz-se, é um ingrediente essencial na comida dos espíritos - basicamente constituída dos mesmos pratos que compõem a culinária xinguana.

Em sua extraordinária obra dedicada à mitologia ameríndia, Lévi-Strauss sustenta que as diversas figuras que aparecem nos mitos indígenas - urubus, araras, onças, porcos, astros, canoas, cunhados, sogras, esposas infiéis - são tomadas por esses povos como signos bons para pensar questões abstratas, como a finitude da vida e as diversas formas de alternância temporal. O primeiro livro da série, significativamente intitulado O cru e o cozido, analisa como a mitologia de origem do fogo teria como questão de fundo o problema da passagem da natureza à cultura, tal como pensado pelos povos indígenas. Segundo Lévi-Strauss, a passagem da dieta de carne crua àquela da carne cozida, permitida pela aquisição do fogo, marcaria, no pensamento mítico, a entrada dos homens no regime da civilização. Podemos pensar que o sal vegetal, ele também um produto do fogo culinário, capaz de transformar as folhas cruas de aguapé em cinzas cozidas e de transformar comida pouco saborosa em comida temperada, ao mesmo tempo significa e promove o pertencimento dos povos alto-xinguanos ao mundo da cultura. Nos termos do pensamento indígena, para o qual há muitas gentes no mundo para além desta que os não indígenas reconhecem como a humanidade, o que está em questão é a necessidade de diferenciar-se das gentes-bicho, gentes-planta e outras tantas que vivem por aí. A dieta é um importante operador dessa diferenciação.

Com efeito, a importância do tukyt nos rituais alto-xinguanos sugere que comer uma comida bem temperada não é apenas mais gostoso, é também necessário para aquilo que o ritual realiza. Em linhas muito gerais, o adoecimento é entendido pelos Aweti (e outros povos ameríndios) como resultado de uma espécie de captura da alma humana por espíritos. Nos rituais alto-xinguanos, esses mesmos seres são convocados para dançar, cantar e comer com os humanos, um encontro que tem o efeito de interromper o processo de adoecimento. Nessas festas, algumas pessoas da aldeia se ocupam de representar - ou, mais precisamente, presentificar - esses espíritos; quando elas comem, diz-se, são os espíritos que estão comendo. A morte, por sua vez, é pensada como uma espécie de transformação em espírito, uma passagem que não interrompe definitivamente a vida, mas institui uma outra vida, em outro lugar, próximo aos seres que capturaram a alma humana. É preciso virar espírito no ritual - e comer como espírito nessas ocasiões - para não virar definitivamente um deles, na morte. Isso nos sugere que o sal é um elemento essencial para a sustentação da condição humana aweti e alto-xinguana, diante dos demais seres do cosmos.

Os cuidados aweti com todos os seres direta ou indiretamente envolvidos na fabricação do sal deixa bem claro que isso não pode ser confundido com a crença na excepcionalidade humana que, no pensamento ocidental, fundamenta o tratamento de rios, montanhas, animais e plantas como se fossem recursos a serem dominados pelo homem. Diferindo da monotonia da monocultura de soja que rodeia o Território Indígena do Xingu e ameaça os povos indígenas que habitam o estado do Mato Grosso, o tukyt aweti apresenta outra história possível de relação com as plantas, uma história na qual só é gente quem reconhece que há outras gentes habitando este mundo.

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