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Círculos de coca e fumaça.

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As rodas de coca formadas ao fim da tarde constituem o cenário do livro de Danilo Paiva Ramos, que compartilha com o leitor seu extenso e intenso trabalho etnográfico junto aos Hupd’äh, povo indígena falante de língua maku que vive na região do Alto Rio Negro (AM). As conversas dos senhores Hup tramam para seu interlocutor os caminhos, experiências e performances desses habitantes da floresta. Os mitos e benzimentos compartilhados e acionados nesse ambiente são examinados com cuidado e em estreita ligação com a vida dos Hupd’äh. O livro localiza cuidadosamente a particularidade dos Hupd’äh num cenário regional e indígena mais amplo. O mesmo se dá com relação à própria prática antropológica, aqui apresentada e acionada desde uma atitude reflexiva e engajada no campo de relações, riscos e enfrentamentos em que se constrói hoje a vida dos povos ameríndios. Nesse sentido, sem perder de vista a especificidade característica dos Hupd’äh – contemplada em toda a sua complexidade nos relatos do autor –, o livro acaba por transcender seu ponto de partida para abordar as principais questões que afetam o mundo indígena como um todo.