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Fragmentos de uma história Panhi: história e território Apinajé na longa duração.

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A tese investiga a história Apinajé.. A investigação considera a relação intrínseca entre história e território para os povos indígenas e propõe observar a formação, a luta pela consolidação e manutenção de seu território. Os elementos da paisagem (petróglifos, cavernas, serras e rios) estão imbuídos de significado histórico. A pesquisa constata que a língua Apinajé possui uma origem comum às línguas Mbêngôkre, e que estas seriam uma cisão mais antiga das línguas Timbira. A partir das investigações arqueológicas ao longo da bacia do rio Tocantins, indica a presença de uma tradição arqueológica tupi-guarani na região de confluência dos rios Araguaia e Tocantins e analisa as evidências arqueológicas vinculadas à tradição ceramista Aratu. A partir de uma análise da documentação escrita, produzida pelos cronistas entre os séculos XVII e XIX, a pesquisa procura perceber a dinâmica do processo de ocupação dos Jê setentrionais no interflúvio e a distinção entre os falantes da língua Apinajé, destacando sua mobilidade ao longo da bacia do rio Tocantins. Além das fontes escritas, as referências cartográficas destacam diferentes etnônimos para referir-se ao povo Apinajé. A partir da investigação dos relatórios de presidentes de província e do Ministério da Agricultura, investiga o estabelecimento de uma política indigenista imperial e a inserção dos Apinajé no âmbito das relações capitalistas. Constata-se que os Apinajé mantiveram certo grau de autonomia, pacificando a relação com o mundo não indígena. Na medida em que avançaram as frentes colonizadoras e as epidemias, os Apinajé abandonam as margens do Araguaia e concentram sua população nos territórios mais próximos ao rio Tocantins. No princípio do século XX, sua reduzida população enfrentou a pressão de posseiros sobre suas terras. A partir da análise da documentação do Serviço de Proteção aos Índios (SPI), instalado no território Apinajé na década de 1940, constata-se que as ações da política indigenista se concentraram no atendimento à saúde dos Apinajé, o estabelecimento de atividades produtivas rentáveis à renda indígena e no controle da territorialidade Apinajé. A partir da segunda metade do século XX, com o estabelecimento de políticas desenvolvimentistas, houve um impacto na sua territorialidade a partir da construção da rodovia Transamazônica e do Programa Grande Carajás. Isso levou a um aumento do conflito fundiário na região do Bico do Papagaio e ao confronto final pela demarcação da Terra Indígena, em 1985. A documentação da Funai demonstra que as influências políticas interferiram na área demarcada, excluindo partes do território ancestral. No século XXI, os Apinajé enfrentaram uma nova onda desenvolvimentista que os levaram a reorganizarem suas estratégias de luta através da Pempxà, associação da União das Aldeias.