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A exploração do ipê (Handroanthus spp.) em florestas naturais da Amazônia brasileira: desafios e oportunidades para a conservação e o manejo responsável.

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A exploração predatória, especialmente voltada à extração de espécies valiosas, desempenhou um papel importante na dinâmica de mudança do uso da terra da Amazônia. O ipê (Handroanthus spp.) é hoje o alvo destas operações ilegais, apesar dos avanços obtidos no controle da exploração madeireira. Com preços finais para produtos de ipê em mercados internacionais de USD 3.000 m3, existem fortes incentivos para que a espécie continue a ser um catalisador da exploração ilegal em áreas protegidas e em florestas não destinadas. Aliadas às suas caraterísticas ecológicas e à sua fragilidade de regeneração nas florestas de produção, o aumento da intensidade da exploração do ipê pode levar ao seu desaparecimento local em um prazo relativamente curto. A partir da análise dos dados oficiais dos sistemas de controle florestal, a exploração de ipê tem um lugar de destaque, sendo que o volume de madeira em tora extraído mais do que duplicou entre 2007 e 2019, passando de cerca de 230 mil m3 para quase 500 mil m3. Cerca de 80% da produção de madeira em tora de ipê em 2019 se concentrou em 20 polos de produção, com destaque para Colniza (MT), Juruti (PA), Santarém (PA), Aripuanã (MT) e Prainha (PA). Tais polos produtores estão localizados na fronteira ativa da exploração madeireira, no centro da Amazônia, o que sugere que os estoques da espécie já foram exauridos nas regiões ao longo do ‘arco do fogo e do desmatamento’. Estimamos que, para manter a produção de ipê nos níveis atuais, seria necessária uma área mínima de 16 milhões de hectares sob manejo florestal, sendo que há hoje uma fração desta área (2,5 milhões ha) em empreendimentos florestais comprovadamente responsáveis. Duas medidas se fazem necessárias neste contexto. Primeiro, um melhor controle sobre o licenciamento, comércio, transporte e monitoramento do ipê nos planos de manejo e demais elos da cadeia produtiva. Segundo, um manejo mais cuidadoso da espécie nas florestas de produção, visando a manutenção dos estoques comerciais no longo prazo.