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Vale planeja 3 térmicas para consumo próprio de energia

FSP, Dinheiro, p. B13
28 de Abr de 2007

Vale planeja 3 térmicas para consumo próprio de energia
Plano reflete temor de escassez energética com dificuldades de licenciamento ambiental
Mineradora retoma as negociações para a construção de uma usina de placas de aço em parceria com a chinesa Baosteel

Janaina Lage
Da sucursal do Rio

A Vale do Rio Doce disse que planeja construir três usinas térmicas movidas a carvão. Cada uma das usinas terá capacidade de geração de 600 MW. O objetivo é assegurar energia para sustentar seu crescimento.
A Vale tem aumentado seu volume de produção a um ritmo de 30 milhões de toneladas de minério de ferro ao ano com o aquecimento do mercado, estimulado pela China.
A proposta de construção das usinas é controversa porque as térmicas a carvão são consideradas as mais poluentes. A Vale já iniciou conversas com o Ministério de Minas e Energia para implantar o projeto. O presidente da Vale, Roger Agnelli disse que EUA, China e países da Europa ainda investem em térmicas a carvão.
O primeiro projeto será em Barcarena, no Pará. Os outros dois ainda não estão definidos, mas devem ficar próximos de portos. Agnelli citou como exemplo São Luís e Vitória. A previsão é de entrada em operação antes de 2010.
"No Brasil, usina térmica tem muitas dúvidas ou pontos de interrogação com referência a questão das emissões, de poluição. A tecnologia das plantas novas foi desenvolvida no sentido de dar mais conforto na área ambiental", disse.
Segundo Nivalde de Castro, coordenador do Gesel (Grupo de Estudo do Setor de Energia Elétrica) da UFRJ, as dificuldades no licenciamento de novas usinas hidrelétricas geram instabilidade em relação ao preço das tarifas, o que pode influenciar especialmente os grandes consumidores.
"Já que há dificuldade para novas hidrelétricas, a Vale está optando por fazer a usina que pode no curto prazo. O país tem energia renovável, limpa e barata na Amazônia, mas os agentes econômicos acabam tendo que trazer uma energia suja e mais cara para sustentar o crescimento", disse.
A preocupação com a necessidade de crescimento levou a Vale a aumentar sua previsão de investimentos em cerca de US$ 1 bilhão, para US$ 7,351 bilhões neste ano. A maior parte do aumento será destinada a projetos de níquel e de crescimento da produção de minério de ferro.
A apreciação do real frente ao dólar representou um aumento de US$ 300 milhões no orçamento de investimentos neste ano. Mão-de-obra, equipamentos e serviços são pagos em real.
Com os preços do níquel em alta, a Vale decidiu acelerar o investimento no projeto de níquel de Nova Caledônia (possessão francesa na Oceania).
O orçamento total é de US$ 3,2 bilhões e a entrada em operação está prevista para o final de 2008. Neste ano, a Vale desembolsa US$ 938 milhões para o projeto. Ela teve que reformular o projeto para resolver questões ambientais.
No Brasil, a companhia estuda ampliar a produção de minério de ferro no complexo de Carajás, com o desenvolvimento da mina de Serra Sul. Se as licenças forem concedidas neste ano, o projeto entrará no orçamento de 2008.
A Vale está interessada em aumentar o mercado consumidor de minério de ferro no país. A companhia voltou a negociar a implantação do projeto de uma usina de placas de aço em parceria com a chinesa Baosteel. A Vale seria minoritária.
As negociações emperraram com dificuldades em definir o local da usina, que seria inicialmente no Maranhão. Sem acordo, a Vale já teve encontros com os governos do Rio e do Espírito Santo e disse estar disposta a procurar alternativas para o projeto.

FSP, 28/04/2007, Dinheiro, p. B13

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