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Um dia para lembrar os 518 anos de resistência indígena

G1 https://g1.globo.com/
09 de Ago de 2018

Os símbolos sagrados, as terras, as danças e rituais dos povos indígenas são patrimônios culturais da humanidade, resguardados pelas leis brasileiras e por acordos internacionais. No Estatuto do Índio, é determinado "o respeito às comunidades indígenas e seus valores culturais". A Declaração da ONU Sobre Direitos dos Povos Indígenas decreta que eles "têm o direito de praticar e revitalizar suas tradições e costumes".

No Ceará, 14 etnias vivenciam esta cultura ancestral, apesar da discriminação que sentem ao declararem sua origem indígena. Em todo o território cearense, existem 24 áreas indígenas em processo de demarcação e apenas uma já regularizada. Há aldeias localizadas em recônditas áreas de matas, próximas às praias em regiões litorâneas, na região Semiárida e também em espaços urbanos. Em todos estes lugares, os indígenas vivem entre os parentes de sua etnia e também se integram ao mundo de fora.

A missão de perpetuar

Os anciãos guardam a sabedoria sobre a natureza, os espíritos encantados e as lendas. No povo Tremembé, quem cuida e repassa as tradições é Luiz Manoel do Nascimento, o Pajé Luiz Caboclo, 67 anos, líder espiritual do grupo que tem mais de 3.800 descendentes espalhados em Itarema, Itapipoca e Acaraú.

Ele sabe contar o que não é dito nos livros de História sobre os índios do Ceará. "Uma história sagrada, bonita e discriminada", define. Duas missões ele carrega ao longo da vida: ser pajé e mestre de cultura reconhecido pela Unesco. "O pajé tem o dom da cura, fala o que vai acontecer, conhece o segredo das águas e das árvores", diz.

Seu povo mora na área de mata e às margens do mar de Almofala, onde os Tremembé conhecem as plantas da medicina natural, pescam, coletam mel silvestre e cultivam a terra."A floresta é nossa cura, nossa mata. A praia é nosso mar sagrado, lugar dos nossos ancestrais", diz o pajé.

Nos documentos, o chefe dos Tremembé assina o nome de Francisco Marques do Nascimento, mas na aldeia, o homem de 63 anos é conhecido como Cacique João Venâncio. Ele explica que há 26 anos desempenha a representação política da tribo, pois foi escolhido como o chefe da família. Nas reuniões com os parentes, ele auxilia as decisões do grupo, ensina aos jovens os costumes da aldeia, já que também é Mestre da Cultura.

"Mostramos para a juventude o torém, a força do ritual sagrado e da nossa espiritualidade para que eles saibam que têm uma cultura própria e devem zelar por ela", afirma.

Venâncio fez parte da criação do Encontro Herança Nativa, quando as 14 etnias do estado se encontram em Iparana durante o Encontro Povos do Mar, iniciativas do Sesc Ceará. "Há muita riqueza cultural e troca de experiências durante o Povos do Mar. A gente aprende, ensina e se fortalece", diz o cacique.

A programação é aberta ao público, que é convidado a ter verdadeiras experiências de imersão nos fazeres e saberes dos povos e comunidades responsáveis pela construção da identidade cultural cearense. São oficinas, vivências, rodas de conversa, apresentações culturais, trilhas, e muito mais, a se compartilhar de 22 a 26 de agosto no Encontro Povos do Mar e de 26 a 29 no Herança Nativa

Serviço

Encontro Sesc Povos do Mar - 22/8 a 26/8

Encontro Sesc Herança Nativa - 26/8 a 29/8

Local: Sesc Iparana Hotel Ecológico (Rua José Alencar, no 150 - Praia de Iparana - Caucaia-CE)

Informações e programação: http://www.sesc-ce.com.br/povos-do-mar-heranca-nativa/ ou 0800.275.5250

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