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State Grid define planos para o Brasil

Valor Econômico, Empresas, p. B1
10 de Nov de 2015

State Grid define planos para o Brasil

Rodrigo Polito

A gigante elétrica chinesa State Grid planeja investir R$ 15 bilhões no Brasil até 2020. O valor inclui o montante previsto para colocar de pé os dois linhões de transmissão que farão o escoamento da energia da hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu (PA), à região Sudeste, de mais de 2 mil quilômetros de extensão cada, e recursos estimados para futuras linhas que a companhia pretende arrematar nos próximos leilões da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Segundo o presidente da State Grid no Brasil, Cai Hongxian, para 2016, a previsão de investimentos é de R$ 1,6 bilhão.
Apenas os dois linhões de Belo Monte deverão exigir desembolsos de quase R$ 10 bilhões da companhia.
No primeiro linhão, que a empresa detém 51%, em parceria com Eletronorte (24,5%) e Furnas (24,5%), a chinesa deverá investir R$ 2,5 bilhões, segundo estimativa em 2014. Com relação à segunda linha, em que a empresa é controladora integral, estão previstos investimentos de R$ 7 bilhões.
O objetivo da State Grid era construir a segunda linha também em parceria com empresas brasileiras, mas a companhia não conseguiu firmar acordo com nenhum sócio até o leilão, realizado em julho. A empresa ainda aceita negociar uma fatia no projeto. "Está difícil encontrar um parceiro local até o momento. E temos de fazer a obra", explicou Hongxian.
No fim deste ano, a companhia terá contabilizado um investimento total no país, desde sua chegada, em 2010, de R$ 9,7 bilhões, entre projetos que partiram do zero e aquisições de linhas de transmissão e do próprio edifício sede da filial brasileira, no centro do Rio.
No Brasil, a State Grid possui hoje cerca de 7 mil quilômetros de linhas de transmissão em operação e outros 6,6 mil quilômetros em construção, incluindo os dois linhões de Belo Monte.
Apesar do avanço no setor de transmissão, a companhia continua interessada em investir em geração de energia no país. A empresa estuda participar do leilão de relicitação de 29 hidrelétricas marcado para 25 de novembro. O foco está nas duas principais usinas do certame: Jupiá e Ilha Solteira, que pertenciam à Cesp e somam quase 5 mil megawatts (MW) de capacidade instalada, o equivalente a 80% do total que será licitado.
"Estamos estudando, trabalhando nisso. E estamos esperando a resposta da nossa matriz", disse Hongxian. "Se participarmos [do leilão], neste momento, seria sozinhos [sem parcerias]", completou.
Segundo ele, o principal ponto que ainda precisa do aval de Pequim é o pagamento do pesado bônus de outorga. Juntas, Jupiá e Ilha Solteira exigem o desembolso de R$ 13,7 bilhões, sendo 65% à vista e o resto em seis meses.
A chinesa também tem interesse no próximo leilão de transmissão da Aneel, marcado para 18 de novembro. Para o certame, a companhia estuda algumas parcerias. Hongxian aprovou as mudanças implementadas pela autarquia, que basicamente reduzem o risco ambiental dos empreendimentos, mas ressaltou que é importante haver estabilidade de regras para dar segurança aos investidores.
Na área de distribuição, o presidente da State Grid admitiu ter interesse em participar do leilão de privatização da distribuidora goiana Celg D, que pertence à Eletrobras (51%) e ao governo goiano (49%).
"Estamos olhando [a Celg D], mas ainda não temos informações sobre o processo", explicou. O governo federal tem intenção de realizar o leilão da distribuidora ainda este ano.
Com relação às obras em andamento, a chinesa prevê entregar ao Ibama no início de 2016 o estudo e o relatório de impacto ambiental do segundo linhão de Belo Monte. A expectativa é receber a licença de instalação do empreendimento até o início de 2017. O início de operação da linha está previsto para dezembro de 2019.
A companhia ainda aguarda a emissão da licença de instalação pelo órgão ambiental para o primeiro linhão, previsto para entrar em operação em janeiro de 2019.
O cronograma do projeto apontava o recebimento do aval do Ibama em julho. A demora, porém, pode causar um impacto ainda maior no empreendimento, já que neste mês começa o período chuvoso, o que dificulta o trabalho no canteiro de obras.
Sobre a linha de transmissão que conectou a hidrelétrica de Teles Pires, no Mato Grosso, ao Sistema Interligado Nacional (SIN), de mais de 1 mil quilômetros, concluída no fim de outubro, cerca de dez meses após o previsto, Hongxian disse que o empreendimento, de mais de R$ 1 bilhão de investimento, foi um "aprendizado". A State Grid detém 51% do projeto, em parceria com a Copel (49%).
"Não gostamos de ver um projeto atrasado. Mas também sabemos que foi nosso primeiro projeto 'greenfield' [iniciado do zero] neste país. E tivemos que aprender. Tivemos um bom parceiro local, superamos todas as dificuldades de licenciamento e financeiros. Mas o projeto atraso", lamentou ele.

Valor Econômico, 10/11/2015, Empresas, p. B1

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