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Saneamento avança, mas ainda é escasso

O Globo, Economia, p. 30
26 de Nov de 2016

Saneamento avança, mas ainda é escasso
Mais de um terço dos domicílios do país ainda não têm rede coletora de esgoto

DAIANE COSTA, DANIEL GULLINO*, LUCIANNE CARNEIRO E CASSIA ALMEIDA
economia@oglobo.com.br

Depois de três anos de estagnação, em 2015 voltou a crescer a proporção de domicílios com acesso à rede coletora de esgoto. Esse crescimento, de 1,8 ponto percentual elevou para 65,3% a parcela dos lares brasileiros que têm rede de esgoto. E foi uma melhora na mesma intensidade dos outros dois picos de evolução do serviço registrados na série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), em 2007 e 2011, ressalta Adriana Beringuy, técnica do IBGE.
Especialistas, porém, consideram o avanço lento diante do desafio de universalizar a cobertura, que hoje ainda é inexistente em mais de um terço dos domicílios do país.
Entre 2014 e 2015, 1,9 milhão de domicílios brasileiros passou a ter serviço de coleta de esgoto. O número total de casas com a cobertura chegou a 45,5 milhões.
- O Plano Nacional de Saneamento Básico, de 2013, previa a universalização da cobertura de água e esgoto até 2033. No ritmo que estamos, para o esgoto isso só vai acontecer em 2050 - aponta Édison Carlos, presidente-executivo do Instituto Trata Brasil.
Para Carlos, o que ele considera pouca cobertura reflete um hiato de 20 anos sem investimentos, durante as décadas de 1980 e 1990, quando as áreas urbanas explodiram de tamanho e as prefeituras e estados não acompanharam com a implantação de redes de esgoto.
Marcelo Neri, diretor da FGV Social, destaca, porém, que historicamente, o salto dado em 2015 é considerável:
- Para o comportamento histórico, esse foi um grande salto, o dobro do ritmo anterior. Foi um ano que vale por dois no saneamento. Não é excepcional, mas a agenda do século XIX também avançou.
A região com a maior concentração do serviço é a Sudeste, onde 88,6% das casas contam com a cobertura. Todas as outras regiões estão abaixo da média nacional: Sul (65,1%), Centro-Oeste (53,2%), Nordeste (42,9%) e Norte (22,6%). O Centro-Oeste foi onde houve o maior aumento no último ano, de 6,8 pontos percentuais. Para o presidente da Trata Brasil, essa expansão reflete investimentos em três capitais:
- Temos um crescimento grande desse serviço em Campo Grande (MS), onde a cobertura caminha para a universalização. Em Palmas (TO) e Brasília (DF), duas cidades mais novas e melhor planejadas, há avanços consideráveis.
A desigualdade no avanço se dá, segundo Carlos, por conta da falta de prioridade ao serviço ou capacidade técnica de prefeituras elaborarem grandes projetos de engenharia, como os de saneamento.
- Não há nada mais básico do que receber água e devolver ela tratada para a natureza. Um terço do país não tem isso. É vergonhoso. Isso também é culpa do cidadão, que quase não discute esse problema. Ele precisa se envolver mais nessa questão, até para poder cobrar dos governantes.
LUZ QUASE UNIVERSAL
Já em relação ao abastecimento de água, 876 mil domicílios de todo o país passaram a contar com o serviço em 2015. Ao todo, são 58,1 milhões de casas, ou 85,4% do total. O maior percentual é no Sudeste (92,2%), seguido do Sul (88,3%) e Centro-Oeste (85,7%). No Nordeste. a cobertura é de 79,7%, e no Norte, 60,2%.
A Pnad também captou aumento na coleta de lixo: 61,1 milhões de casas possuem o serviço (89,8% do total). Em relação à iluminação elétrica, 67,8 milhões de unidades domiciliares têm acesso à luz, o equivalente a 99,7%. No Sudeste, a cobertura é de 100%.

O Globo, 26/11/2016, Economia, p. 30

http://oglobo.globo.com/economia/pnad-2015-quase-2-milhoes-de-casas-pas…

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