O Globo, Economia, p. 34
26 de Mar de 2008
Responsabilidade social ainda não decide compra
Menos de 30% dos consumidores pensam em boicotar empresas por falta de comprometimento
Qual é a percepção dos consumidores diante de questões de responsabilidade social das empresas? E como eles avaliam o impacto da atuação das corporações na sociedade e no meio ambiente? É o que buscou saber a pesquisa "Responsabilidade Social das Empresas - percepção do Consumidor Brasileiro". A resposta é que os brasileiros estão muito interessados nessas iniciativas, indicam 77% dos entrevistados. No entanto, menos de 30% declararam pensar em premiar (24%) ou punir (27%) as empresas por serem ou não socialmente responsáveis. E apenas cerca de 10% efetivamente o fizeram.
0 estudo, realizado pelo Instituto Akatu pelo Consumo Consciente em parceria com o Instituto Ethos, entrevistou 800 pessoas, com idades de 18 a 69 anos, entre os dias 17 de novembro e 2 de dezembro de 2006, em oito capitais brasileiras - São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Recife e Brasília. 0 levantamento, que começou a ser feito no Brasil em 2000, mostra que há uma estabilidade no interesse de consumidores por responsabilidade social, mas ainda não há uma correlação direta com a decisão de compra.
- 0 que faltam aos consumidores é informação sintética e consistente sobre o que as empresas estão fazendo. E essa falta de dados acaba criando expectativas além daquilo que o movimento realmente pode fazer. 0 resultado é frustração e ceticismo, o que afasta os consumidores do tema - avalia Helio Mattar, presidente do Akatu.
Mattar destaca, no entanto, que as empresas devem ficar alertas à mudança de paradigma, que é o fato de mais de 50% dos consumidores atribuírem às empresas responsabilidade pelo desenvolvimento social:
- A responsabilidade social não deve ser uma ação isolada, mas estar baseada nas missões e princípios das companhias. A tendência natural é que os produtos e serviços se diferenciem pelo relacionamento das empresas com a sociedade. É isso que chamamos de responsabilidade social. (Luciana Casemiro)
O Globo, 26/03/2008, Economia, p. 34
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