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Reserva sofre ameaça de degradação

Diário do Nordeste - http://diariodonordeste.globo.com/
Autor: Silvânia Claudino
17 de Jul de 2013

A Estação Ecológica deste município, localizada a 600 quilômetros de Fortaleza, vive situação de abandono e descaso. A denúncia parte de entidades ambientais da região dos Inhamuns. O Pacto Ambiental dos Sertões de Crateús e Inhamuns (Parisc), Superintendência do Meio Ambiente de Tauá (Supermata) e Fundação Bernardo Feitosa pedem soluções e ações para a conservação da unidade ecológica, que abriga várias espécies da fauna e da flora do sertão cearense.

Tanto a fauna, onde se destacam aves e primata, quanto a flora são alvos ameaçados na estação ambiental

Criada há 12 anos, a Estação ocupa uma área de 11.525 hectares e é uma das poucas áreas de caatinga preservadas na região Nordeste e no Ceará. Sem recursos para cercar a área da Reserva, o local é alvo de constantes invasões por animais de grande porte, prejudicando os trabalhos de pesquisa. Falta também capital humano para a parte administrativa, serviços gerais e técnicos, segundo informou o Pacto.

"Uma das mais importantes unidades de conservação do semiárido e a principal do Estado do Ceará merece mais atenção por parte do Governo Federal, pois conta com poucos técnicos, faltam verbas para investimento e conservação. O profissional analista ambiental, por exemplo, que é de extrema importância não existe na unidade. Desde dezembro está sem gerente, inclusive", frisa Jorge de Moura, secretário executivo do Parisc.

Preservação

O objetivo da unidade é a preservação da fauna e da flora e a criação de um espaço adequado de pesquisas sobre a caatinga e a vida dos animais. Implantada em 1980, pelo então Ministério do Interior, a Estação Ecológica de Aiuaba somente foi criada em 2001. Hoje é administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), autarquia federal vinculada ao Ministério do Meio Ambiente.

Segundo o Pacto, a sua área de entorno não é regularizada e isso praticamente inviabiliza a captação de recursos para investir em projetos de conservação da fauna e da flora da unidade. Um acordo firmado no ano de 2000 prevê a desapropriação de uma área de dois mil hectares para ser incorporada à unidade como compensação pela perda de área original da Reserva em decorrência da construção do Açude Benguê, pelo Governo do Estado.

O acordo ainda não foi cumprido. Por conta disso, a Reserva não tem definição de sua área de entorno, não pode elaborar um plano de manejo e fica impedida de receber recursos do próprio Governo Federal e de instituições internacionais, como o Banco Mundial (Bird).

"A indefinição prejudica a conservação e a pesquisa na unidade. A situação é precária e lamentamos muito", ressalta Jorge de Moura.

Rogaciano Oliveira, presidente da Supermata também lamenta a situação em que se encontra a Estação Ecológica. "É uma área representativa do bioma caatinga aqui nos Inhamuns e a situação precária nos preocupa muito. A Estação tem que ser mantida viva e preservada, pois é um centro rico de biodiversidade, situado em uma região de grande desertificação", cita.

Conforme Moura, a Estação, além de ser um ambiente de preservação e conservação da fauna e flora do bioma caatinga, tem contribuído decisivamente para o replantio de árvores nativas em processo de extinção nos Inhamuns e dá integral apoio às campanhas de conscientização ambiental realizadas na região.

Audiência

"Somente em Tauá, para o Projeto Aqui Pulsa o Coração do Semi árido foram destinadas 5 mil mudas entre elas o Ipê do Brasil nas cores branco, amarelo e lilás, distribuídas em 10 escolas que trabalham o projeto. Para o município de Independência foram destinadas 2 mil mudas em uma ampla campanha na comunidade de Ematuba, em 2012.

Com o apoio da Câmara Municipal de Tauá, as três entidades realizarão no dia 23 de agosto deste ano uma audiência pública para discutir a situação e cobrarem ações por parte dos órgãos federais e estaduais competentes. O grupo já está convidando representantes de vários órgãos, bem como convidará poder judiciário e representantes políticos da região.

Discutirão também outras questões pertinentes ao meio ambiente, no encontro, segundo o presidente da Câmara Municipal, Manoel Loiola.

"A Câmara é um espaço aberto para debater o desenvolvimento da região e as questões ambientais estão inseridas neste contexto. Unidos às entidades Pacto, Supermata e a Fundação nos uniremos para buscar e cobrar soluções para a unidade de conservação de Aiuaba, tão importante para o bioma caatinga. Cuidar do meio ambiente é uma obrigação de todos nós", destacou o presidente.

Na reserva, já foram identificadas, aproximadamente, 360 espécies vegetais, ocorrendo com frequência, dentre outras, a aroeira e o angico. Os aspectos mais relevantes da fauna é a presença considerável de primatas, dentre os quais destacam-se o sagui e o macaco prego.

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1292690

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