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Negligência do Governo do Paraguai para com os indígenas isolados

Adital- http://site.adital.com.br
07 de Jul de 2015

O Governo do Paraguai tem sido criticado por seu tratamento aos indígenas ayoreos em um documento enviado às Nações Unidas antes do Exame Periódico Universal (EPU) do Paraguai, em 2016. A Survival International, movimento global pelos direitos dos povos indígenas e tribais, remarca o fracasso do governo na proteção das terras e das vidas dos indígenas ayoreos.

A ONU foi advertida de que os indígenas ayoreos em isolamento enfrentam uma catástrofe a menos que sua terra seja protegida.

A carta da Survival afirma que muitos ayoreos têm sido forçados a saírem de sua terra por pecuaristas e sofrem níveis desproporcionados de enfermidades, como tuberculose, diabetes e mau nutrição depois do primeiro contato. Com uma percentagem de apenas 25%, o acesso dos indígenas aos serviços de saúde segue sendo escandalosamente baixo.

As empresas de gado sul-americanas Carlos Casado S.A., Yaguareté Porã S.A. e Itapoti S.A. foram descobertas desmatando ilegalmente milhares de hectares do bosque dos ayoreos. Recentemente, um grupo de manifestantes protestou ante a sede da importante construtora espanhola Grupo San José, na antessala da sua Junta Geral de Acionistas, com cartazes que pediam: "Salvem os ayoreo", por sua implicação na destruição do bosque deste povo através da sua filial Carlos Casado S.A.

Os indígenas isolados ayoreos fazem parte das sociedades mais vulneráveis do planeta. Estão perdendo, rapidamente, seu último refúgio de bosque pelas fazendas de gado e a agricultura. Seu bosque, o Chaco, registra a taxa de desmatamento mais alta do mundo.

Em seu escrito, a Survival assinala que o "contato não desejado entre os trabalhadores dos fazendeiros e os ayoreos poderá ser violento e inevitavelmente desembocará na propagação de enfermidades mortais", frente às quais os indígenas têm escassa ou nenhuma imunidade.

Erui, um homem ayoreo, disse à Survival: "minha mulher estava saudável quando saímos do bosque, mas ficou muito doente quando fomos sedentarizados (...) Em dois meses, morreu. Antes, no bosque, não estava doente".

Os indígenas ayoreos protestam contra a destruição do seu bosque pelos fazendeiros. Foto: GAT, 2014
No ano passado, a relatora especial das Nações Unidas sobre Direitos dos Povos Indígenas advertiuque os ayoreos poderão resultar aniquilados se for destruído o seu bosque. Mas o Governo do Paraguai continua violando a legislação paraguaia e o direito internacional, que reconhecem os direitos dos ayoreos à sua terra.

As recomendações da Survival à ONU incluem: instar o Paraguai a adquirir ou expropriar um mínimo de 550.000 hectares de terra, reclamada pelo povo ayoreo-totobiegosode desde 1993; implementar ações legais imediatas contra as empresas que operam dentro do território reclamado pelos ayoreos; e proporcionar atendimento médico de emergência e continuado para os integrantes da tribo.

O diretor da Survival International, Stephen Corry, declara: "Os indígenas ayoreos em isolamento são algumas das pessoas mais autossuficientes do planeta, mas enfrentam uma catástrofe, a menos que a sua terra seja protegida. O contato tem trazido enfermidade, miséria e um imenso sofrimento para seus familiares, que deixam claro que a vida era melhor quando viviam no bosque. É hora de que o Paraguai defenda suas próprias leis contra as empresas estrangeiras e detenha a destruição dos últimos paraguaios isolados".

http://site.adital.com.br/site/noticia.php?lang=PT&cod=85659

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