VOLTAR

'Não vamos sair da terra', dizem índios de acampamento atacado em MS

G1 - http://g1.globo.com/
Autor: Tatiane Queiroz
22 de Nov de 2011

Cacique de acampamento está desaparecido desde sexta passada (18).
Índios guarani-kaiwá reivindicam a propriedade da área atacada.

Apesar do clima de tensão e do ataque contra membros da etnia, os índios do acampamento Guaiviry, situado na faixa de fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai, afirmam que não vão deixar o local. "A terra é nossa e não vamos sair dela. O sangue do meu pai foi derramado nessa terra e não foi em vão. Vamos ficar e lutar pelo que é nosso", afirmou o índio Genito Gomes, de 29 anos, filho do cacique de 59 anos, que está desaparecido desde a última sexta-feira (18).

O G1 esteve no local acompanhado de uma escolta de quatro policiais da Força Nacional de Segurança e três lideranças indígenas.

Os indígenas, da etnia guarany-kaiwá, afirmam que o cacique foi morto a tiros durante um ataque feito por aproximadamente 40 homens. Eles relatam ainda que o corpo do cacique foi arrastado e colocado em uma caminhonete.

No acampamento, os índios demarcaram com uma armação feita com folhas, galhos e bambus o local onde o cacique foi atacado. Na área, que fica a pouco menos de 100 metros da cabana onde o cacique dormia, há vestígios de sangue e uma cápsula de bala de borracha. "Foi bem aqui que mataram ele", disse apontando para o local, o índio Francisco Amarilha, de 42 anos, que é familiar do cacique.

Rituais religiosos também estão sendo realizados no acampamento desde o último sábado (20). "Durante os rituais o cacique nos respondeu que voltou para o lugar de onde veio", explicou ao G1 um dos líderes da etnia guarany-kaiwá, Tonico Benites.

Ele diz que a religião indígena acredita que após a morte o espírito volta ao seu local de origem. "Para nós, essa é a comprovação de que o cacique está morto", afirmou ele.

Terra Indígena

Cerca de 150 índios guarani-kaiwá estão no acampamento Guaiviry, que atualmente ocupa uma área de 20 hectares, situada entre fazendas nos municípios de Aral Moreira e Amambaí, que encontra-se em estudos para identificação de terras indígenas.

Segundo informações da Fundação Nacional do Índio (Funai) essa é a terceira vez que o grupo indígena ocupa o local desde 2008, quando o Ministério Público Ministério Federal (MPF/MS) firmou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para iniciar os procedimentos de identificação da área.

O coordenador regional da Funai, Silvio Raimundo da Silva, explicou ao G1 que área faz parte da terra Amambai Peguá, que possui aproximadamente 20 mil hectares e está sendo reivindicada por cerca de 10 grupos indígenas, incluindo os do acampamento Guaiviry.

Ainda segundo informações da Funai, no cone sul do estado existem 36 aldeias indígenas e cinco acampamentos.

Investigações

A Polícia Federal abriu inquérito para investigar o caso, e representantes do MPF/MS estiveram no local na última sexta-feira (18). A perícia policial colheu fragmentos de munição e vestígios de sangue. Os exames devem apontar se as amostras são de material humano.

Nesta segunda-feira (21), uma equipe da Polícia Federal esteve no acampamento coletando material genético de Genito e de um irmão dele para, em caso de localização do corpo do líder, fazer a identificação.

*Reportagem acompanhada de vídeo.

http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/noticia/2011/11/nao-vamos-sair-d…

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.