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'Não há reféns nas fazendas ocupadas', diz chefe da Funai na Bahia

G1 - http://g1.globo.com/
16 de Abr de 2012

Wilson Jesus de Souza disse que acompanhou PF nas terras nesta segunda. Funai afirma que também não foram encontradas armas nas fazendas.

O chefe da coordenação técnica local da Fundação Nacional do Índio (Funai) no município de Pau Brasil, no sul da Bahia, Wilson Jesus de Souza, disse ao G1 nesta segunda-feira (16) que acompanhou o trabalho da Polícia Federal nas oito fazendas invadidas na região desde o domingo (15). Segundo Souza, o clima é de tranquilidade na cidade e não há reféns nas propriedades. "Tem muito policiamento na cidade, mas a área ocupada não tem segurança. Só tememos que aconteça algo aos índios que ocuparam as fazendas durante a noite. As pessoas que ficaram nas fazendas estão lá por vontade própria, não são reféns. São caseiros, funcionários dos fazendeiros que ficaram nos locais a pedido dos donos das terras e dos índios para que as coisas [pertences] dos fazendeiros sejam retiradas. Hoje [segunda-feira] já foram retirados alguns materiais de fazendas ocupadas", afirmou.

O chefe da coordenação Funai em Pau Brasil disse ainda que não tem conhecimento de mandado de busca e apreensão de armas usadas pelos índios nas fazendas ocupadas. "Se existe [o mandado] a polícia não me apresentou. Eles [os policiais] entraram em todas as fazendas e eu estava acompanhando. Não foi encontrada nenhuma arma, se eles têm [os índios] estão muito bem escondidas."

O G1 entrou em contato com a Polícia Federal (PF), através da sua assessoria em Brasília, e foi informado que responsáveis pelas informações à respeito da visita de agentes da PF às fazendas ocupadas em Pau Brasil nesta segunda estavam reunidos durante a tarde para passar os dados da "operação" posteriormente. A assessoria disse que a Polícia Federal vai se pronunciar por meio de nota.

As fazendas estão ocupadas por cerca de 250 índios da tribo Pataxó Hã Hã Hãe. No último final de semana também foram registradas duas invasões a fazendas na cidade de Itaju do Colônia. Levantamento das polícias apontam a ocupação de 62 fazendas por membros da tribo índigena na região sul da Bahia, com o objetivo de retomar 54 mil hectares entre as cidades de Pau Brasil, Camacan e Itaju do Colônia. Segundo o chefe da coordenação da Funai em Pau Brasil, Wilson Jesus de Souza, o objetivo dos índios não é a posse das terras e sim a nulidade dos títulos que garantem a posse aos fazendeiros.

Entenda o caso

Estudo da Funai indicam que as terras reivindicadas pelos índios eram reservas da aldeia pataxó e foram arrendadas pelo antigo Serviço de Proteção ao Índio entre 1937 e 1942. Com o passar dos anos, os arrendatários conseguiram títulos de posse das terras e todas as fazendas da área da reserva foram ocupadas.

Os índios pedem a nulidade dos títulos de propriedade em favor dos fazendeiros. A questão será decidida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O julgamento chegou a ser marcado em novembro do ano passado, mas foi adiado a pedido do Governo da Bahia, que alegou falta de segurança para o cumprimento da decisão.

Crime

A polícia da região de Camacã, Pau Brasil e Itajú do Colônia, no Sul da Bahia, investigam o assassinato de uma mulher, que aconteceu na segunda-feira (9). Eles suspeitam que a morte da mulher tenha envolvimento com a briga de terras na região.

Franklin Fagundes viu a companheira morrer quando voltava de uma fazenda. Ana Maria Santos de Oliveira, de 33 anos, foi atingida por um tiro na cabeça. "Quando eu parei o carro, o que estava do lado de dentro da cerca atirou e minha esposa já caiu no meu colo.", disse. De acordo com o marido da vítima, a ação foi uma emboscada.

A polícia não tem pista dos criminosos. Segundo o delegado, os principais suspeitos são os índios que disputam terras com os fazendeiros da região. "Os indígenas possuem armas de fogo de grosso calibre, fuzis 762, privativos do exército", explicou o delegado Francesco Santana. No entanto, antes ele chegou a afirmar que seguranças de fazendeiros poderiam ter causado a morte da mulher.

http://g1.globo.com/bahia/noticia/2012/04/nao-ha-refens-nas-fazendas-oc…

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