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Lei anterior era prejudicial, dizem empresas

FSP, Ciência, p. A30
17 de Mai de 2009

Lei anterior era prejudicial, dizem empresas

Da enviada especial ao Vale do Ribeira

As entidades que representam o setor da mineração e as empresas que produzem energia para consumo próprio destacam os prejuízos econômicos provocados pela legislação anterior, que impedia a degradação de cavernas para a realização de projetos.
Adriana Coli, coordenadora socioambiental da Abiape (Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia Elétrica), considera o caso de Tijuco Alto, que em 2008 completou 20 anos de concessão, emblemático.
"Cerca de R$ 100 milhões já foram gastos em projetos, audiências públicas e compras de propriedade; 60% da área da usina já foi adquirida", diz.
Rinaldo Mancin, do Ibram, conta que "só em Carajás [PA], numa frente de lavra, existem cerca de 1.200 cavernas". Se a lei não mudasse, afirma, só se poderia minerar 15% da área.
Segundo ele, o conflito entre mineração e proteção de cavernas é inevitável. "Os mesmos processos que levam à formação das cavernas levam à formação do minério."
Foi o que aconteceu em Rondônia, onde a maior caverna conhecida do Estado acabou degradada pela atividade de mineração de calcário na cidade de Pimenta Bueno.

Dados
Ainda é preciso ampliar o conhecimento espeleológico no Brasil. Não há consenso sequer sobre o número de cavernas existentes: a SBE tem registradas 4.684 grutas, enquanto o Cecav (Centro Nacional de Estudo, Proteção e Manejo de Cavernas) possui 7.300.
Ambientalistas estimam que 70% das cavernas podem ser destruídas com a nova lei. Porcentagem que Mancin descarta. "Esse dado não tem fundamento científico nenhum."
Ele garante que as empresas obedecem as leis e que caberá ao órgão licenciador o papel de definir que cavernas poderão ser destruídas. "Ninguém pode mexer em caverna sem autorização. Além disso, nem toda caverna do país é de interesse para a mineração."
Ronaldo Crusco, responsável pelo estudo de impacto ambiental de Tijuco Alto, diz que não há problema no fato de a avaliação da relevância da caverna ser contratada pelo empreendedor. Isso porque os técnicos que assinam o documento podem ser criminalizados no caso de problemas nos laudos.
O governo deve apresentar, em breve, os critérios que precisarão ser levados em conta na avaliação das grutas.

FSP, 17/05/2009, Ciência, p. A30

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