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Jornalistas denunciam que foram impedidos de entrar em Raposa

Folha de Boa Vista
23 de Abr de 2008

Índios ligados ao Conselho Indígena de Roraima (CIR) começaram a impedir a entrada de não-índios na região da reserva Raposa Serra do Sol, criando um clima de apreensão entre aqueles que de alguma forma necessitam transitar na região.

O fato foi registrado e vivenciado por uma equipe de reportagem do Palácio Senador Hélio Campos, enviada à região em missão oficial no dia 19 de abril.

O objetivo da viagem era fazer um levantamento das benfeitorias governamentais a fim de promover reformas e construções que viriam melhorar a qualidade de vida das comunidades nos setores da Saúde, Educação, Infra-estrutura e outras demandas sugeridas pelos próprios líderes das comunidades.

No entanto o que era para ser uma tentativa de ajuda se transformou em momentos de apreensão e medo, uma vez que a hostilidade dos indígenas deu a tônica do momento.

No instante em que o carro que levava a equipe parou na entrada da Vila Surumu, cerca de 20 índios armados com bordunas e porretes cercaram a equipe de jornalismo do Estado, hostilizando e demonstrando que naquela situação não existiria uma saída através do diálogo.

Gestos grotescos e gritos eram proferidos pelos índios que exalavam odor de bebida alcoólica e lideravam a situação, observados por mulheres e crianças que conversavam e sorriam parecendo entender o que acontecia naquele instante, momento em que fora tomado à força a filmadora das mãos do repórter cinematográfico do Estado.

"Nós mostramos nossos documentos e o ofício que explicava o motivo da nossa ida para região, mas de nada adiantou. Eles nos humilharam e tentaram danificar a filmadora do Estado para arrancar a fita que continha as imagens dos prédios públicos", narrou o cinegrafista Mario Júnior.

Depois de quase uma hora de negociações com uma pequena multidão cercando a equipe, o equipamento foi devolvido, após as imagens serem deletadas sob observação de um "especialista em imagens" do CIR.

Após a restituição do equipamento ainda houve uma tentativa de diálogo para que a viagem pudesse ser retomada, sendo assumida todas as responsabilidades pela própria equipe, no entanto um líder ligado ao CIR foi enfático ao afirmar que não havia garantias mínimas para dar o consentimento.

"Ele (uma das lideranças do CIR) nos disse que o Conselho Indígena estava mobilizando as comunidades de toda região e ele não sabia o que podia acontecer se nós encontrássemos com índios pelo caminho, mesmo assim ainda tentamos argumentar, mas para cortar de vez o assunto nos foi dito, textualmente, que se fossemos, nossas vidas correriam um sério risco", explicou o repórter fotográfico Alfredo Maia.

Toda situação acontecia a menos de 50 metros das forças Federais de Segurança, que se encontram na região com o objetivo de promover a paz e a ordem, mas que em nenhum momento interferiu no incidente. Em razão do clima tenso na região, o Estado determinou que trabalho fosse feito em outra ocasião.

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