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Mulheres indígenas de Roraima trocam experiências e conhecimentos sobre gestão de negócios e uso das redes sociais

CIR - https://cir.org.br
31 de Mai de 2024

Com a iniciativa de fortalecer as ações das mulheres indígenas de Roraima e trazer um debate inovador, como a gestão de negócios e uso das redes sociais, o departamento de Mulheres Indígenas do Conselho Indígena de Roraima (CIR), promove a Oficina sobre "Gestão de Negócios e Uso das Redes Sociais - Mulher Indígena Também Empreende".

Mulheres indígenas de dez regiões do estado, estarão reunidas por dois dias, hoje e amanhã (1o de junho) debatendo temáticas sobre a importância do fortalecimento dos projetos das mulheres indígenas de Roraima, desafios, experiência de mulheres quilombolas, cooperativismo, gestão de negócios e uso das redes sociais.

Foram convidadas para os debates, representantes do Instituto de Educação do Brasil (IEB), Andreia Bavaresco e Camila Behrens, da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), Luciane Mendes, e a ex-secretária do Movimento de Mulheres Indígena do CIR e professora, Maria Betânia, do povo Macuxi, da comunidade indígena Aningal, região do Amajari.

A Oficina iniciou com o debate sobre a importância do fortalecimento dos projetos das mulheres das terras indígenas de Roraima. Convidada para essa mesa, Maria Betânia reforçou as iniciativas das mulheres já existentes nas regiões, como a medicina tradicional, artesanatos, corte e costura, cerâmica, projetos de bovinocultura e outras iniciativas que reforçam os potenciais nas terras indígenas.

A professora também falou sobre a capacidade das mulheres de ocuparem os espaços, inclusive os espaços públicos. Citou a ex-deputada federal Joenia Wapichana, primeira deputada federal indígena do Brasil.

Reforçou a importância do uso das redes sociais para fortalecer o empreendedorismo, com foco na geração de renda e na visibilidade das ações das mulheres. Também alertou sobre a luta contra os projetos anti indígenas, como o Marco Temporal, que não podem ficar dissociados dessas ações.

"O Marco Temporal está aí, então precisamos cuidar da nossa terra, mãe natureza, pois é dela que tiramos o nosso bem viver", refletiu Betânia. "Precisamos cada vez mais fortalecer esse olhar, a nossa essência, enquanto mulheres indígenas e empreendedoras", completou.

Na abertura, a tuxaua geral do Movimento de Mulheres de Indígenas, Kelliane Wapichana, que coordena o recém-criado Departamento de Mulheres, enfatizou que a atividade é resultado dos trabalhos que as mulheres já fazem em seus territórios.

"São ações que fortalecem a sustentabilidade indígena, a medicina tradicional, culinária, corte e costura e o artesanato, fortes potenciais produtivos protagonizados pelas mulheres indígenas e que hoje, precisam ser fortalecidos na linha do empreendedorismo e o uso das redes sociais, como um instrumento importante que busca valorizar as iniciativas", enfatizou.

O tuxaua geral do CIR, Edinho Batista, refletiu sobre a luta há mais de 30 anos, quando os que iniciaram a luta planejaram o presente e hoje, a atual geração, também precisa planejar os próximos 50 anos. "Se hoje mostramos quem somos, porque há 30 anos tiveram pessoas que planejaram este momento, o presente, e vamos planejar daqui a 50 anos", refletiu.

"Tudo que estamos fazendo hoje, se tornarão grandes e eficientes projetos, para combater tudo aquilo que está tentando nos destruir", completou o Tuxaua.

As mulheres indígenas de Roraima tiveram a oportunidade de conhecer a iniciativa das mulheres quilombolas, que atuam com o cooperativismo. A coordenadora executiva do IEB, Andreia Bavaresco, engenheira florestal e educadora, que atua em parceria com o CIR desde 2012, trouxe a experiência das quilombolas.

Sob a perspectiva de despertar novos olhares em relação à geração de renda, Andreia esclareceu sobre o funcionamento de associações e cooperativas. Como exemplo, trouxe a experiência da Cooperativa de Mulheres Quilombolas baseada na agricultura, extrativismo, artesanato, turismo e outros serviços.

Destacou como um dos objetivos do cooperativismo, a autonomia econômica, valorização cultural, gestão dos territórios e empreendedorismo coletivo. "O papel das mulheres é um futuro sustentável e justo. Então, chegou a nossa vez", frisou, ao refletir os processos de criação e consolidação das iniciativas. "Tem muitos desafios, mas vocês vivem o momento de oportunidades", reforçou.

Apontou como um dos desafios tanto das mulheres indígenas quanto quilombolas, o racismo, acesso à recursos, capacitação, falta de terra e território.

No primeiro dia de debate, as mulheres indígenas já deixaram o indicativo das principais demandas e da importância de fortalecer as iniciativas. A coordenadora regional do Baixo Cotingo, Nelia Lima, do povo Macuxi, ressaltou a importância de valorizar a cultura e dar oportunidade aos jovens para que possam dar continuidade às atividades.

A coordenadora da região Tabaio, Jailda Braga, do povo Macuxi, destacou o trabalho com as sementes tradicionais e a medicina tradicional, como potências da sua região. Para fortalecer a medicina tradicional, com o apoio do CIR, conseguiram implementar a Casa da Medicina Tradicional.

As mulheres apontaram a necessidade de estruturar ambientes adequados para armazenamento dos artesanatos e da produção de farinha.

Amanhã, as mulheres trocam experiência com o departamento de Negócios da Foirn e uso das redes sociais na divulgação das iniciativas. Essa pauta será mediada pela comunicadora do Programa Povos do Cerrado do IEB, Camila Behrens, e pelas jornalistas indígenas do departamento de Comunicação do CIR, Márcia Fernandes, Helena Leocádio, e a consultora em Comunicação, Mayra Wapichana.

Apoiada pela USAID por meio dos parceiros Instituto de Educação do Brasil (IEB), Instituto Terra Brasilies (ITB), Operação Nativa Amazônia (OPAN) e a Fundação Ford, a atividade ocorre hoje (31) e amanhã, 1o de junho, no Centro Regional Lago Caracaranã, região Raposa, na terra indígena Raposa Serra do Sol.

Durante a oficina, as mulheres expõem artesanatos, panelas de barro, confecção de roupas, remédios tradicionais e outros produtos.

https://cir.org.br/site/2024/05/31/mulheres-indigenas-de-roraima-trocam…

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