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Itaipu: geração recorde de energia

O Globo, Economia, p. 17
03 de Jan de 2009

Itaipu: geração recorde de energia
Volume daria para abastecer Paraguai por 11 anos. No Brasil, foi 19%

Vinícius Segalla

A usina hidrelétrica de Itaipu gerou, em 2008, 94,7 milhões de megawatts/hora (MWh), recorde que superou a marca anterior, do ano 2000, de 93,4 milhões de MWh. De acordo com a direção da usina, esse volume de energia jamais foi atingido por nenhuma outra hidrelétrica do mundo. 0 volume seria suficiente para suprir o consumo mundial por dois dias, ou o paraguaio por 11 anos.
Vieram de Itaipu 19% da energia consumida no Brasil no ano passado. Na década de 1990, a participação da usina na matriz brasileira girava em torno de 25%.
A energia produzida pela usina é dividida igualmente entre Paraguai e Brasil. 0 país vizinho vende 90% de sua parte de volta ao Brasil, com preços e condições estabelecidos em acordo bilateral assinado na época de construção da usina, em 1973.
0 diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek, afirmou estar pronto para aumentar ainda mais a produção este ano, caso haja demanda. Desde maio de 2007, as 20 turbinas previstas no projeto da usina foram concluídas, porém nunca estiveram todas em perfeitas condições para funcionamento simultâneo, como agora. Um acordo tripartite, assinado pelos acionistas da hidrelétrica e pela Argentina, porém, não permite o funcionamento simultâneo dos equipamentos. 0 objetivo era evitar riscos para a navegabilidade e uso do Rio Paraná. Havia ainda a preocupação de o Brasil, em eventual conflito armado, usar a usina como uma "bomba hídrica".
- Essa visão é ultrapassada, e estamos avançados nas negociações com a Argentina para extinguir essa restrição - afirmou Samek.
Em relação às demandas paraguaias para revisão do contrato que regula a produção energética e as contas da usina, Samek vê pouca ou nenhuma margem para negociação dos principais pleitos: a possibilidade de o Paraguai vender seu excedente energético a outros países, o aumento do preço cobrado do Brasil por esse excedente, e a revisão da dívida que Itaipu tem com a Eletrobrás, hoje em cerca de US$ 18 bilhões:
- Não se trata de intransigência, mas o Brasil financiou a obra, comprou o excedente paraguaio por décadas, mesmo quando não precisava, e negociou revisões dos empréstimos, em acordos auditados internacionalmente. Agora querem mudar as regras do jogo aos 30 minutos do segundo tempo. Queremos ajudar no desenvolvimento do Paraguai, mas não vamos permitir nenhuma sacanagem como uma mudança de regras no meio do jogo.
Pelo tratado, até a quitação do financiamento, que deve acontecer em 2022, o Paraguai deve pagar metade dos custos anuais (cerca de US$ 1 bilhão) da dívida da usina com a Eletrobrás, que tomou os empréstimos para a construção.

O Globo, 03/01/2009, Economia, p. 17

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