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Índios resistem à retirada de acampamento

Mais Comunidade - http://www.maiscomunidade.com/
Autor: Manoela Vinente
01 de Jun de 2010

Por determinação da Justiça, os índios deverão ficar a pelo menos mil metros de distância da sede do Ministério da Justiça, mas eles alegam que só saem depois que forem atendidos pelo governo federal

Oitenta homens da Polícia Federal, Polícia Militar e Batalhão de Operações Especiais (Bope) tentam retirar, desde a madrugada de hoje, os índios que estão acampados em ocas improvisadas de lonas plásticas em frente ao Ministério da Justiça, na Esplanada dos Ministérios. Os policiais cumprem um mandado judicial que determina que os indígenas mantenham pelo menos mil metros de distância do prédio do órgão público em frente ao qual eles ocupam o gramado desde janeiro deste ano. Os índios alegam que só sairão do local depois de serem recebidos por alguém do governo federal, se não, ficarão acampados no mesmo lugar. "Nós não queremos ser representados pela CNPI, esse conselho é irregular e não entende as nossas reivindicações", explica o cacique da tribo Guajajará, Carlos Pancararu.

Cerca de 60 indígenas estão morando no acampamento e segundo eles, o objetivo da manifestação é acabar com a Comissão Nacional de Política Indigenista (CNPI) e efetivar a saída do atual presidente da Fundação Nacional do índio (Funai), Márcio Meira. O líder das comissões indígenas, Anthony Leite, disse que a comissão não tem nenhuma autonomia e só funciona por conta de uma portaria. "É um caso flagrante de atentado à democracia, uma violação da liberdade de expressão, impedindo que uma manifestação legítima de oposição ao atual governo se expresse, além de rasgar a Convenção 169 da OIT, que determina que os povos devem ser consultados sobre medidas que os afetem - como as decisões que serão tomadas na reunião entre CNPI, a Presidência da República, os ministérios e os indígenas escolhidos a dedo pela atual gestão", declara Anthony Leite, que lidera as comissões índigenas do Estado de Pernambuco.

O senador Eduardo Suplicy chegou ao local para ajudar a população indígena. De lá mesmo ele fez uma ligação para o ministro Luiz Paulo Barreto que o atendeu prontamente. "Ficou acertado que o ministro ira recebê-los hoje, mas que para isso terão que sair desse local e irem para um lugar oferecido pela Funai, caso não queiram, serão encaminhados para o estacionamento do Mané Garrincha onde encontrarão melhores condições de acampamento para crianças e mulheres," informou o parlamentar.

Choque de culturas
O Cacique Carlos Pancararu, um dos líderes do movimento manifestante em frente ao Ministério da Justiça, alegou que o acampamento não poderia ser desfeito por enquanto porque uma moça, dentre os alojados no local, havia "se tornado mulher" e que de acordo com a cultura deles ela não poderá sair da oca por 7 dias. "Essa é a nossa cultura e não queremos acabar com ela. Essa moça não pode sair daqui até acabar o dia de reclusão que vai até domingo", explica.

A procuradora Luciana Loreiro afirmou que a moça que esta dentro da oca não precisa ser retirada assim como seus familiares, "o que a justiça está pedindo é o afastamento do acampamento, a manifestação deles pode continuar sem problemas mas que mantenham mil metros de distância do Ministério da Justiça."

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