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Indígenas sofrem com falta de água

Jornal O Progresso
Autor: Vilson Nascimento
08 de Abr de 2008

Na reserva localizada a 5 quilômetros da sede, vivem cerca de 7 mil índios das etnias guarani/kaowás

Várias famílias indígenas vem sofrendo há meses por falta de abastecimento de água potável em suas residências na Aldeia Amambai, uma das reservas mais populosas da região de fronteira, com cerca de 7 mil índios da etnia guarani-kaiowá, situada a cinco quilômetros da cidade em Amambai.

Segundo os indígenas, o problema surgiu depois que a Funasa -Fundação Nacional de Saúde implantou poços artesianos e rede de água no interior da aldeia e determinou o fechamento de todos os poços de coleta de água construídos próximo as residências, segundo o órgão federal, com o objetivo de coibir doenças, já que os poços dividiam espaço com "privadas", o que contaminava o lençol freático, afetando a saúde, sobretudo das crianças.

Os índios reclamam que com o fechamento dos poços e a substituição da água antes extraída deles, por água encanada, acabou não funcionando da forma planejada e hoje famílias moradoras em localidades mais altas da reserva indígena chegam a ficar até cinco dias sem receber uma gota de água em suas residência e para cozinhar e manter a higiene pessoal, as pessoas têm que caminhar por quilômetros até riachos da região para buscar o líquida essencial para a vida.

Cansado de cobrar os setores responsáveis, no mês passado, um dos indígenas afetados pelo problema, Lázaro Vera, falando em nome de vários moradores da aldeia, procurou o vereador de Amambai, Josmair Cardoso (PR), para pedir apoio e a intervenção política para tentar resolver o problema.

Preocupado com a situação o vereador esteve pessoalmente no interior da reserva indígena averiguando o problema e se reuniu com representantes de várias famílias afetadas pela falta de água e todas foram unânimes em relatar a negligência por parte dos setores responsáveis, já que o problema existe há vários meses, mas até agora nenhuma providência foi tomada.

"O problema está no desperdício", diz Funasa.

Procurada pela nossa reportagem o setor responsável pelo abastecimento de água nas aldeias do Pólo Base da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) em Amambai disse ter conhecimento do problema e apontou o desperdício provocado pelos próprios indígenas como o principal responsável pela falta de água em setores da reserva indígena.

Segundo a Funasa a Aldeia Amambai conta atualmente com dois poços artesianos em operação, um com capacidade de produção de 34 mil e outro de 36 mil litros de água por hora, o que daria um volume diário de 212 litros de água, bem acima da quantidade apontada pela ONU (organização das Nações Unidas) que indica que cada pessoa deve consumir entre 110 e 150 litros de água por dia para a sobrevivência e suas necessidades básicas como consumo com higiene e consumo cotidiano.

Porém na aldeia, segundo a Funasa, os indígenas que residem nas regiões mais baixas, sem se preocuparem com conta á pagar, já que a água é distribuída gratuitamente, acabam deixando torneias abertas e não reparam vazamentos nas tubulações, o que acaba desperdiçando uma grande quantidade de água e faz baixar o volume dos reservatórios, com isso as regiões mais elevadas acabam ficando sem água, já que na maior parte das residências, segundo a Fundação Nacional de Saúde, não existem caixas de água e onde existe, as caixas são pequenas e a água acumula não é suficiente para suprir as famílias.

Durante vistoria na reserva indígena nossa reportagem pode constatar alguns atos de desperdício de água como torneiras abertas sem necessidade, mas também reparou vazamentos na rede de distribuição de água de responsabilidade da Funasa e vazamentos até mesmo em registros das próprias caixas responsáveis pelo armazenamento da água que é distribuída para os diversos setores da reserva indígena.

Segundo a Funasa 98% da área territorial da Aldeia Amambai já conta com rede de água.

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