VOLTAR

Indígena narra apuros na vida universitária e vira referência na inclusão: 'Me achavam esquisito'

G1 https://g1.globo.com/
26 de Nov de 2018

A primeira vez que Eri Manchini, indígena da Aldeia Manchineri, no Acre, pisou no campus da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) foi em 2008. Na ocasião, ele iniciava o sonho de ter um diploma universitário. Dez anos depois, o jovem está a um semestre de se formar cientista social e relembra as dificuldades de adaptação que enfrentou no início da faculdade. "Me achavam esquisito", diz. O relato dele virou referência para Unicamp no debate sobre políticas de acolhimento de indígenas na academia.

Nesta semana, a Unicamp viaja a São Gabriel da Cachoeira (AM), município com o maior percentual de população indígena do país para realizar o primeiro vestibular indígena da universidade, que acontece no próximo domingo (2), e terá prova em outras quatro cidades pelo Brasil. O G1 e a EPTV embarcam junto nesta viagem e iniciam, a partir desta segunda-feira (26), uma série de reportagens sobre o assunto.

'Aldeia à Prova': EPTV e G1 iniciam série sobre 1o vestibular indígena da Unicamp

O vestibular indígena da Unicamp coincide com o momento da formação acadêmica de Eri, que foi convidado para debates sobre criação de políticas de acolhimento de ingressantes indígenas na universidade de Campinas.

Quando chegou a São Carlos (SP), por meio de um processo seletivo semelhante ao que ocorrerá na Unicamp, ele enfrentou preconceito, dificuldades com a comida, ficou doente - chegando até a precisar retornar ao Acre e interromper a faculdade - e relatou ao EPTV 1 como enfrentou as adversidades. Confira abaixo os principais trechos da entrevista.

Infância
Eri viveu em um modo totalmente indígena até os 6 anos. Depois, a família foi morar em Xapuri, município no interior do Acre, e passou a ter mais contato com a cultura não-indígena. Ele relata as dificuldades e os problemas da infância após a morte da mãe.

Eri Manchini relembra infância na aldeia e problemas após a morte da mãe

Dificuldades de adaptação
O começo da faculdade de Eri foi o pior possível. Pelo desconhecimento sobre a cultura indígena, os colegas de curso e da república onde ele morava chegaram a acreditar que ele era canibal e andaria pelado pelos lugares.

Eri fala das dificuldades da universidade e dos preconceitos que passou por ser indígena

Problemas de saúde
As dificuldades de adaptação também atingiram a saúde de Eri. Pelo choque de costumes e diferenças de alimentação, ele adoeceu e precisou interromper a faculdade e voltar para o Acre tratar furúnculos que apareceram pelo corpo.

Jovem conta que precisou voltar ao Acre por conta de problemas de saúde

Conselhos
Depois dos problemas e com o diploma de Ciências Sociais quase em mãos, ele agora encoraja outros indígenas a ingressarem na universidade, mesmo com todas as dificuldades. Casado e com uma filha de dois meses, o plano do jovem agora é retornar ao Acre para resgatar a cultura de sua aldeia.

https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2018/11/26/indigena-nar…

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.