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Governo avalia licitação para o Rio Tapajós

O Globo, Economia, p. 28
13 de Nov de 2008

Governo avalia licitação para o Rio Tapajós
Segundo Eletrobrás, investimentos devem chegar a R$ 30,5 bi

Henrique Gomes Batista e Catarina Alencastro

O governo vai iniciar no próximo ano o processo licitatório para a exploração do Rio Tapajós, que pode gerar até 10.882 megawatts (MW), o equivalente a quase duas vezes a capacidade das usinas do Rio Madeira ou a oito vezes Angra 3. Segundo Valter Cardeal, diretor de Engenharia da Eletrobrás, serão necessários investimentos de R$ 30,5 bilhões na região, que fica entre o Amazonas e o Pará. Esse valor inclui hidrelétricas e linhas de transmissão.

- O próximo estudo que deverá ficar pronto será o do rio Itacaiúnas (na divisa do Pará com o Maranhão) - disse Cardeal.

O Rio Tapajós é um dos oito rios da região Centro-Norte que estão sendo inventariados com o objetivo de expandir a geração de energia hidrelétrica no Brasil. Além de seu potencial, o governo acredita que haja mais 19.020MW em capacidade hidrelétrica.

Outra importante frente na região é a Usina de Jirau, no Rio Madeira, em Rondônia. A licença para o projeto deveria sair ontem à noite para ser anunciada hoje pelo presidente do Ibama, Roberto Messias.
A informação foi dada pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.
Licenciamento de Jirau foi parar na Justiça
O consórcio vencedor terá de arcar com contrapartidas ambientais. Segundo o ministro, R$ 36 milhões terão de ser investidos em habitação na cidade de Porto Velho (RO).

Além disso, duas estações ecológicas vão ter de ser custeadas e mantidas pelo consórcio. O ministro lembrou que na bacia do Rio Madeira há animais em extinção, como onçapintada e tamanduá-bandeira. Segundo ele, foi feito um estudo para validar a mudança do eixo da hidrelétrica.

- A nova localização não aumentará o impacto.

O licenciamento, porém, já chegou à Justiça. O procurador da República no Mato Grosso Mário Lúcio Avelar entrou na 3ª Vara Federal com ação de improbidade contra o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Jerson Kelman, por este ter-se manifestado a favor do novo local da usina de Jirau.

Apesar dos avanços na exploração do potencial da Amazônia, existe o temor de que isso esbarre na questão ambiental. Esse foi o alerta do presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim. Ele disse que o país hoje vive uma esquizofrenia: ao adiar a liberação de licenças ambientais das hidrelétricas, visando a preservar o meio ambiente, causam-se mais danos pelo uso das térmicas, mais poluidoras.

O Globo, 13/11/2008, Economia, p. 28

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