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Eólica pode alcançar preço de hidrelétrica

FSP, Mercado, p. B1, B3
20 de Dez de 2011

Eólica pode alcançar preço de hidrelétrica
Competição entre distribuidoras em leilão hoje pode fazer preço do megawatt-hora se igualar ao de grandes usinas
Uso do vento para geração de energia cresce no país e já é mais competitivo do que as termelétricas

AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO

O preço da energia eólica no Brasil pode alcançar o valor das grandes hidrelétricas, como Belo Monte, Jirau ou Santo Antônio. O fato, histórico, pode ocorrer hoje, em São Paulo.
A Aneel (agência reguladora do setor de energia elétrica no Brasil) promove logo mais o leilão A-5 (lê-se, A menos cinco) - quando as distribuidoras irão contratar energia de que necessitam para atender seus mercados a partir de 2016.
O preço médio da geração eólica no último leilão -R$ 99 por MWh (megawatt-hora)- pode baixar mais e se aproximar dos preços mais competitivos de hidrelétricas, entre R$ 80 e R$ 90/MWh. A despeito disso, eólica já é a 2ª fonte mais barata do país.
Seis fábricas estão instaladas ou em fase de instalação. O resultado é uma superoferta de projetos.
Dos 6.286 MW habilitados pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética) para o leilão de hoje, 5.149 MW são de fonte eólica. No total, 205 empreendimentos disputarão o leilão. Investidores aproveitaram a ausência de grandes hidrelétricas (por falta de licença ambiental) e de térmicas (por falta de gás natural) e prometem dominar a disputa por contratos para 2016.
De outras fontes, há pouco coisa: 13 térmicas movidas a bagaço de cana (com capacidade total de 602 MW); 8 pequenas centrais hidrelétricas, com oferta de 147 MW; e 5 hidrelétricas, com potência total de 388 MW.
Maurício Tolmasquim, presidente da EPE, diz que o leilão pode mesmo surpreender, mas prefere não fazer previsões. "Não é possível saber se o preço será ainda menor do que foi no último leilão, mas, a despeito disso, o valor da energia eólica no país já é muito competitivo", afirma.
Elbia Melo, presidente da Abeeólica (Associação Brasileira de Energia Eólica), diz que a conjuntura internacional mudou desde agosto, data do último leilão.
"Não ousaria dizer o que poderá ocorrer no leilão de hoje. Apenas que projetos eólicos vão disputar com projetos eólicos", diz.
INSUBSTITUÍVEL
O preço da geração eólica pode cair, mas as hidrelétricas são insubstituíveis. "As hidrelétricas convivem sem as eólicas, mas as eólicas não podem prescindir das hidrelétricas", diz Tolmasquim.
A base da geração no Brasil é hídrica e continuará a ser. O país conhece o regime de chuvas e organiza a oferta de energia a partir disso. A geração eólica não dispõe de informação similar, tampouco de escala como as hidrelétricas. Daí a razão de ser uma fonte apenas complementar.
Hoje, há instalado no Brasil (entre todas as fontes) 112,3 mil MW. Desse total, 68,5% da capacidade é de hidrelétrica, seguida das térmicas (25,65%). A fonte eólica responde por apenas 0,82% do parque de geração elétrica.
Até 2014, a indústria de geração eólica estima alcançar patamar de 5,3% da base instalada no país. Com um potencial estimado já em 300 mil MW é uma fonte promissora, mas complementar.

Leilão começa com preço de R$ 112/MWh
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Oferta de geração eólica negociada no país garante fluxo de encomendas para a indústria local

DE SÃO PAULO

O último leilão para contratação de energia em 2011 terá preço-teto de R$ 112 por MWh (megawatt-hora). Esse preço vale para os projetos eólicos que participam da disputa, bem como para as termelétricas movidas com bagaço de cana e as Pequenas Centrais Hidrelétricas.
O governo fixou em R$ 123 por MWh o preço inicial da hidrelétrica São Roque (rio Canoas-SC) e em R$ 101 por MWh os preços-teto das usinas do rio Parnaíba (Calhoeira, Castelhano e Estreito), todas entre o Piauí e Maranhão.
O governo queria incluir a hidrelétrica de São Manoel (700 MW), localizada no rio Teles Pires, em MT, mas não conseguiu obter a licença prévia do Ibama. Funcionários do governo chegaram a ficar detidos numa tribo da região, o que exigiu a mobilização da Secretarial Geral da Presidência da República para a liberação dos técnicos.
A audiência pública para a discussão do tema acabou sendo cancelada, o que inviabilizou a liberação desse empreendimento para o leilão de hoje.
O Brasil pode fechar o ano com um volume recorde de contratação de energia eólica. Até hoje, o país tem contratado 7.587 MW. Só em 2011, nos leilões de agosto, investidores em energia eólica venderam nos leilões promovidos pela Aneel (agência reguladora do setor energia elétrica) 1.928,7 MW.
Segundo Elbia Melo, presidente da Abeeólica (Associação Brasileira de Energia Eólica), há indícios de que a indústria supere a meta inicial de vender cerca de 2 mil MW por ano.
"Desde 2009, o setor consegue contratos para 2 mil MW. Em 2011, já havíamos alcançado esse patamar, o que garante encomenda para a indústria. Mas com esse último leilão, esse patamar pode ser superado", diz.
A associação estima que deve fechar o ano com uma contratação de 4 mil MW.
CONSUMIDOR
Além de ser fonte renovável, a redução de preço da geração eólicas beneficia o consumidor. A queda de preço contribui para baixar a tarifa de energia paga na conta de luz. Isso não é imediato.
Essa energia contratada agora começará a ser entregue em três ou cinco anos, depende do leilão. É quando o valor começa a ser considerado para o cálculo da tarifa de energia.
(AB)

FSP, 20/12/2011, Mercado, p. B1, B3

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/15882-eolica-pode-alcancar-pre…
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/15886-leilao-comeca-com-preco-…

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