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Energia da indústria aumenta 151% em 5 anos

O Globo, Economia, p. 26
12 de Jan de 2007

Energia da indústria aumenta 151% em 5 anos

Henrique Gomes Batista

O custo da energia fornecida ao parque industrial brasileiro aumentou 151,2% entre 2001 e 2006, fazendo o país perder competividade internacional, informou ontem a Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace). A tarifa industrial média subiu de R$ 82 por megawatt/hora (MW/h) para R$ 206, deixando o país com o segundo maior patamar de preços, em dólares, entre um grupo selecionado de 11 competidores.

Entre os países estão desde nações ricas - EUA, Alemanha, Canadá, França e Austrália - até emergentes, competidoras diretas do Brasil - China, Coréia do Sul, índia, África do Sul e Rússia (os dois últimos apresentam menor tarifa industrial). A situação preocupa os empresários, que ontem se reuniram com o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, para pedir um grupo de estudo sobre preço.

A Abrace atribui os custos elevados à alta carga tributária do setor energético e, principalmente, à crescente participação da energia fornecida por usinas termelétricas - cerca de 30% mais cara - nos leilões do inumo, que servem para planejar a oferta e a demanda de curto, médio e longo prazos. O peso dos impostos passou de R$ 5,4 bilhões, em 2002, para R$ 14,4 bilhões no ano passado - uma alta de 167% no período.

Novas usinas exigem investimentos maiores
O presidente do Grupo Gerdau, Jorge Gerdau Johannpeter, alertou que a alta dos custos de energia pode comprometer novos investimentos no Brasil: - O preço da energia no mercado livre (sem contratação prévia) está subindo. Temos que criar um grupo de trabalho para encontrar solução para os grandes consumidores, que precisam desta energia para produzir.

O estudo ainda aponta que até 2015 o valor do inumo será crescente. O levantamento mostra que os leilões de energia nova - contratação da oferta de empreendimentos que ainda serão contraídos - demonstram o peso do inumo no custo de produção. Enquanto o MW/h de energia existente custou aos compradores R$ 60,8 em 2005, o valor do MW/h para entrega em 2009 chegou a R$ 129,4 -112,83% mais alto.

A tendência é reforçada pelo fato de que as novas usinas estão cada vez mais longe dos grandes centros econômicos, exigindo investimentos maiores no sistema de linhas de transmissão. Além disso, a construção dos novos empreendimentos ainda precisa ser amortizada no produto final. Também prejudica o fato de o gás - combustível das usinas térmicas - provavelmente ficar mais caro, pois a demanda cresce a uma demanda superior à oferta.

Setor quer mais rapidez em licenciamento ambiental
Por isso, as empresas querem discutir a necessidade de novos investimentos em usinas hidrelétricas, reforçando o peso deste tipo de fonte - muito mais barata - na matriz energética do Brasil.

- Foi uma reunião muito produtiva. Os empresários apresentaram um bom estudo, sobre o qual conversaremos. A proposta de incentivar o aumento da energia hidrelétrica é nossa também - garantiu o ministro.

Além de reforçar esta opção, os industriais querem que o país já indique áreas para a potencial instalação de hidrelétricas no futuro - evitando que elas caiam em disputa ambiental (virem reserva, por exemplo) ou sejam indicadas para outro uso.

Também acreditam ser necessário agilizar o processo de licenciamento ambiental, acabar com obstáculos regulatórios, reduzir ou eliminar os impostos cobrados na construção de novos empreendimentos de energia e na compra de equipamentos. A menor tributação de novas obras será atendida no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), segundo fontes do Ministério da Fazenda.
Vários bens de capital também entrarão na nova lista de desonerações do governo.

O Globo, 12/01/2007, Economia, p. 26

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