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Emergentes se reúnem na Índia

O Globo, Ciência, p. 33
20 de Jan de 2010

Emergentes se reúnem na Índia
Brasil busca fundo ambiental na primeira reunião depois da COP-15

Carlos Albuquerque

No primeiro encontro de alto nível após a Conferência do Clima da ONU (COP-15), realizada em Copenhague, há pouco mais de um mês, que produziu apenas uma carta de intenções e não estabeleceu metas climáticas como se esperava, ministros do Meio Ambiente do chamado Basic (Brasil, África do Sul, Índia e China) vão se reunir, no próximo final de semana, em Nova Délhi, na Índia.

Na reunião, os países do grupo, que saiu fortalecido da COP-15, devem tentar afinar suas posições em relação a temas como redução de emissões de CO2 e a ajuda aos países mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas. O Brasil vai tentar aprofundar no encontro as discussões iniciadas em Copenhague em torno de um fundo ambiental, feito pelo Basic - que reúne as nações em desenvolvimento que são também grandes emissoras - para ajudar os mais pobres.

- Em Copenhague, os países do Basic se assumiram, enfim, como emergentes, ganhando um papel fundamental como elo entre os países ricos e aqueles mais pobres - afirma o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. - A nossa ideia é que, nesse encontro na Índia, possamos aprofundar as discussões em torno desse fundo para ajudar os países mais vulneráveis às mudanças climáticas. É uma espécie de tapa com luva de pelica, chamando a atenção geral para a miséria que foi colocada em cima da mesa pelos ricos em Copenhague.
Para Minc, conferência de Copenhague foi marcada pelo egoísmo
Para João Talocchi, coordenador da campanha de clima do Greenpeace, o encontro da Índia será a primeira oportunidade de o Basic se firmar como uma nova força política nas discussões climáticas.

- O Basic foi uma demonstração da nova geopolítica do clima e do poder dos emergentes. Antes, eram praticamente dois blocos, os ricos e os pobres. Agora, se formou um tripé, com o Basic se posicionando entre esses dois extremos. Só que com o poder vêm as responsabilidades. O grupo tem agora que harmonizar seus discursos sobre metas, além de mostrar que pode trabalhar com os ricos e os mais vulneráveis para, assim, buscar novos caminhos para enfrentar o aquecimento global.

No encontro, os integrante do Basic vão, literalmente, fazer o seu dever de casa.

- Temos até o final deste mês para preencher os formulários do que foi acertado em Copenhague, confirmando nossas metas de reduções. Há muitas expressões e metodologias diferentes entre o grupo. Precisamos unificar isso. E, acima de tudo, precisamos ajudar uns aos outros. Copenhague deixou no ar uma sensação de egoísmo, com cada um pensando em si. É hora de retomarmos a linha de solidariedade ecológica planetária - disse Minc.

O Globo, 20/01/2010, Ciência, p. 33

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