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No Dia Mundial do Meio de Ambiente, governo mostra que há avanços, mas Cerrado está sob ataque

O Globo - https://oglobo.globo.com/
05 de Jun de 2024

No Dia Mundial do Meio de Ambiente, governo mostra que há avanços, mas Cerrado está sob ataque
É preciso ter projetos para todos os biomas, essa é a forma mais eficiente de proteger o país das mudanças climáticas

Miriam Leitão

05/06/2024

Nesse Dia Mundial do Meio Ambiente, o balanço do primeiro um ano e meio do governo Lula tem muitos pontos positivos. O mais importante avanço é o fato de o país ter saído de uma agenda que era predatória, implementada pelo governo Jair Bolsonaro, para uma agenda que tem como meta proteção do meio ambiente. Mas isso é ainda insuficiente.

O governo teve resultados muito importantes no que diz respeito à queda do desmatamento na Amazônia e na Mata Atlântica. O Cerrado, no entanto, passou a ser o bioma no foco dos desmatadores. O Relatório Anual do Desmatamento no Brasil (RAD) do MapBiomas , divulgado na última semana, mostra que pela primeira vez, desde iniciada a série histórica há cinco anos, o Cerrado ultrapassou a Amazônia e se tornou o bioma com a maior área desmatada no país em 2023. Houve um crescimento do desmatamento de 68% comparado a 2022, alcançando 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos.

Isso pode ser explicado em parte porque, legalmente, na maior parte do Cerrado, os proprietários de terra estão "autorizados" a desmatar até 80% da propriedade, a preservação obrigatória é de apenas 20%. O percentual é o oposto na Amazônia, onde é estabelecido 80% de preservação e 20% de destinação à área produtiva. Além disso, na região há muito mais propriedade privada do que terra pública, outra característica que difere esse bioma da Amazônia. Em entrevista ao GLOBO, Ane Alencar, diretora de ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e coordenadora do MapBiomas Cerrado, ressaltou, no entanto, "que não é porque a reserva legal é menor no bioma que todo o desmatamento vai ser legal" .

O fato é que o Cerrado está sob ataque. E é importante entender que não basta proteger a Amazônia, é preciso ter medidas adequadas para cada bioma. O Pantanal , por exemplo, tem sofrido com incêndios frequentes e foram criados acordos com os estados para combater os focos. É preciso ver como o Pampa sairá das enchentes, como vai ser feita a recuperação das áreas degradadas. A Caatinga também necessita de um projeto. A Mata Atlântica também. O fundamental é que haja o entendimento que todos os biomas são importantes e interligados, e protegê-lo é uma parte fundamental da proteção do país contra as mudanças climáticas.

Ainda falando de mudança de climática, o governo prometeu, mas ainda não anunciou o Plano Nacional contra Emergência Climática com medidas concretas nos municípios mais vulneráveis. A ministra Marina Silva vem trabalhando nesse projeto e o destacou em seu pronunciamento sobre o Dia Mundial do Meio Ambiente, mas ainda não divulgou a proposta.

Durante toda esta quarta-feira o Ministério dos Povos Indígenas vai promover eventos para lembrar a morte do indigenista brasileiro Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips. Os dois foram assassinados durante uma viagem pelo Vale do Javari, no Amazonas, há exatos dois anos, justamente, no Dia Mundial do Meio Ambiente.

Bruno e Dom são mártires da defesa do meio ambiente brasileiro.

https://oglobo.globo.com/blogs/miriam-leitao/post/2024/06/no-dia-mundia…

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